Por José Maria Nóbrega – cientista político Os oito anos do governo Lula consolidaram o lulismo como a nova forma de governo no Brasil.
Ou seja, sem instituições fortes, o “grande guia” fez o que quis e bem entendeu.
Corrupção generalizada e piadas em torno de “punições” das frágeis instituições eleitorais foram corriqueiras nos últimos tempos.
Lula fez campanha explícita de sua candidata a despeito da transparência e do papel das instituições.
Agora temos o risco do “petismo”.
Ou seja, com uma presidenta – da qual não sabemos a real dimensão de poder – fraca politicamente, quem despontará como ator político de equilíbrio para evitar os devaneios do “petismo”?
O lulismo foi caracterizado pelo assistencialismo autoritário, as instituições democráticas não conseguiram controlar o Executivo, no que deveria respeitar o equilíbrio dos poderes montesquianos e os mecanismos de freios e contrapesos do federalismo madisoniano. “Se os homens fossem anjos, não seria necessário governos” afirmou Madison, um dos pais fundadores dos Estados Unidos.
Hamilton, outro federalista, lembrou no século XVIII: “nunca se deve perder de vista o fato de os homens serem ‘ambiciosos e vingativos´.
Pensar de modo diferente ‘seria ignorar o curso uniforme dos acontecimentos humanos e desafiar a experiência acumulada ao longo dos séculos”.
Tudo isso argumentando com a necessidade da construção do Estado, do equilíbrio dos poderes e de mecanismos de freios e contrapesos que evitassem a tirania da maioria ou de grupos minoritários.
O que vemos no caso do Brasil é um presidente que está ao apagar das luzes, com grande popularidade, que o faz agir como um déspota ao desprezar as instituições republicanas e um futuro imprevisível, pois não se sabe qual a real dimensão do Executivo quando Dilma assumir o governo.
Já se fala de controle da imprensa, o que mais irão querer controlar?
A patuléia vai pagar para ver…
José Maria Nóbrega Jr.
Doutor em Ciência Política - UFPE Pesquisador do Núcleo de Estudos de Instituições Coercitivas e da Criminalidade (NICC-UFPE) Professor da Faculdade Maurício de Nassau