Na Veja O Palácio do Planalto foi avisado em fevereiro a respeito do esquema de lobby montado pelo filho da ex-ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, sob a supervisão da mãe.
No dia 1º daquele mês, o empresário Rubnei Quícoli enviou um e-mail a quatro funcionários da assessoria especial da Casa Civil reclamando do fato de Israel Guerra ter-lhe cobrado propina para obter liberação de empréstimo no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
No sábado, VEJA havia revelado que, com a anuência da mãe, Israel transformou-se em lobista em Brasília, intermediando contratos milionários entre empresários e órgãos do governo, mediante o pagamento de uma “taxa de sucesso”.
Cinco dias após VEJA ter trazido à tona o esquema de aparelhamento do estado, Erenice caiu.
O conteúdo do e-mail foi divulgado na edição desta sexta-feira do jornal O Estado de S.
Paulo.
No texto, enviado a Vinicius Castro, Glauciene Leitão, Vilma Nascimento do Carmo e Vera Oliveira - todos lotados na assessoria especial da Casa Civil -, Quícoli relata que a empresa de Israel Guerra, a Capital Assessoria e Consultoria, havia cobrado 240.000 reais, além de 5% do valor do empréstimo, para obter o financiamento para a empresa EDRB junto ao BNDES – o empréstimo seria de 9 milhões de reais.
Propina - Na quinta-feira o jornal Folha de S.
Paulo publicou uma entrevista com Quícoli.
O empresário revelou que, no ano passado, foi orientado a procurar a Capital, empresa que Israel mantém em sociedade com dois servidores públicos lotados na Casa Civil, para destravar um projeto paralisado desde 2002 na burocracia federal.
A EDRB pretendia instalar uma central de energia solar no Nordeste.
Após o contato com a Capital, representantes da EDRB foram recebidos por Erenice em audiência oficial na Casa Civil.
Na ocasião, ela ainda ocupava o cargo de secretária-executiva da pasta, cuja titular era Dilma Rousseff, hoje candidata à Presidência pelo PT.
Sentindo-se chantageada, a EDRB decidiu cortar as relações com os lobistas.
E-mails - Em uma das mensagens enviadas em 1º de fevereiro deste ano, Quícoli pede que sua reclamação seja encaminhada à então ministra Dilma. “Espero de coração que esse e-mail chegue às mãos da dra.
Erenice e a (sic) ministra Dilma”, escreveu.
No e-mail, o empresário cita inclusive o uso do escritório Trajano e Silva Advogados, que tem como um dos sócios um irmão de Erenice, para fazer as negociatas.
Vinicius Castro, um dos integrantes do trio que comanda a Capital, pediu demissão na segunda-feira após o estouro do escândalo.
O terceiro sócio da empresa é Stevan Knezevic, servidor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) hoje lotado na Presidência.
Já a servidora Glauciene, que também recebeu o e-mail de Quícoli, foi quem agendou a reunião entre a Capital, a EDBR e Erenice.
Ainda segundo o Estado de S.
Paulo, quatro dias antes do encontro, a funcionária confirmou a reunião e fez um alerta em que menciona a candidata do PT: “O Vinícius Oliveira - Assessor da Secretária, informou que o conteúdo do CD que está com ele é muito extenso e que é necessária uma apresentação mais sucinta para mostrar à ministra Dilma.”