Por Luciano Siqueira A assertiva é de Plekhanov, revolucionário russo contemporâneo de Lênin: é preciso pensar e agir “com as quatro patas assentadas na realidade”.

Vale para a vida, vale sobretudo para a política.

E é o que vimos ontem no almoço-reunião promovido pela Câmara de Diretores Lojistas do Recife (CDL), tendo como protagonista o governador Eduardo Campos, na condição de candidato à reeleição.

Do presidente Sílvio Vasconcelos, que coordenou o debate, ao governador, passando pelo deputado Armando Monteiro Neto e pelo presidente licenciado da Federação das Indústrias de Pernambuco, Jorge Côrte Real, que se pronunciaram, o que se ouviu foram considerações consistentes sobre a conjuntura política econômica e política do Brasil e de Pernambuco, com um traço marcante: otimismo com os pés no chão.

Nada mais válido, particularmente num ambiente marcado pelo conflito eleitoral, quando o mais fácil é exalar frases feitas e opiniões superficiais, quando não francamente unilaterais, portanto dissociadas da realidade concreta.

O governador abordou o processo de retomada do desenvolvimento do País, Pernambuco nele inserido, acentuando as bases em que ocorre, pondo em relevo a exploração competente, pelo governo federal, das próprias potencialidades internas.

O crescimento do PIB e o desenho favorável de outros indicadores da economia estão associados à expansão do mercado interno, um dos fatores determinantes.

Isto em razão de um conjunto de medidas adotadas pelo presidente Lula em meio à crise global e suas ameaçadoras repercussões sobre a economia brasileira.

Tanto no sentido de evitar a derrocada da produção, como de manter um nível de consumo compatível com a manutenção da oferta de postos de trabalho em padrão minimamente razoável para as circunstâncias.

Pernambuco, nesse contexto, explora com acerto o ciclo de oportunidades que se coloca.

E dá passos – segundo Eduardo – para em vinte anos ter o seu PIB triplicado.

Entendem, entretanto, tanto o governador como Armando Monteiro Neto e Jorge Corte Real, que é preciso arrostar o desafio de uma reforma tributária progressiva, que desonere a produção – e, acrescento cá com os meus botões, inverta o perfil injusto da carga tributária, que recai hoje sobre os assalariados em geral e exime, em boa medida, os detentores de grandes fortunas.

Mais: é preciso desmontar toda uma engrenagem preexistente que voltava o País para a especulação financeira e dificultava – dificulta muito ainda – os investimentos de natureza produtiva.

Em suma: há muito que fazer para dar sustentabilidade ao ciclo de crescimento ora em curso.

Daí o caráter crucial das decisões que o eleitorado tomará em 3 de outubro. (Cá na minha condição de cidadão atento ao que se passa, sublinho o papel extremamente construtivo que a CDL vem cumprindo, do qual a reunião de ontem é reflexo).