A disputa em Pernambuco Por Adriano Oliveira – Cientista Político Discordo da visão determinista que faz parte de diversas análises políticas.

Por conta de que a administração de dado competidor ser avaliada positivamente, isto não significa que o seu oponente não tenha chances de vitória.

O “lulismo” não deve ser considerado o determinante único da eleição de um candidato.

Analisar e considerar a regularidade do comportamento eleitoral é adequado para construir previsões eleitorais.

Contudo, é possível encontrar “acasos”, os quais “quebram/interrompem” a regularidade.

A regularidade eleitoral é construída e mantida pelos determinantes do voto.

Por isto, nem sempre bons administradores são reeleitos e nem se deve considerar que o “lulismo” pesa fortemente na competição eleitoral.

São favas contadas para muitos as eleições no Brasil e em Pernambuco.

Não digo que são favas contadas.

Opto por afirmar que as estratégias eleitorais de Serra no enfrentamento a candidatura Dilma são equivocadas.

Por isto, ele deve perder a eleição.

Em Pernambuco, as estratégias são corretas, mas elas não foram, até o instante, suficientes para impedir o avanço de um governador aprovado majoritariamente pelos pernambucanos.

No entanto, até o dia da eleição, acasos podem ocorrer!

Embora a minha intuição revele que o possível “acaso” é difícil de acontecer.

Desde o início afirmei que Eduardo Campos era favorito.

Mas nunca desprezei o potencial de Jarbas.

Porém, após a análise de diversas pesquisas, considero, neste momento, que Eduardo Campos deve ser reeleito.

Por quê?

Eduardo Campos enfrenta um adversário com forte capital simbólico e conseguiu abrir larga vantagem em relação a ele.

Não desprezo o apoio de Lula, mas o crescimento e o possível sucesso eleitoral de Eduardo devem-se exclusivamente a ele.

Eduardo Campos, em silêncio, construiu a sua imagem junto ao eleitorado.

Em vez de criar uma marca para o seu governo, ele, sem querer, criou a sua identidade.

Pesquisas revelam que Eduardo é reconhecido como trabalhador.

Este reconhecimento e mais o apoio de Lula, o qual, repito, não é determinante para o possível sucesso eleitoral de Eduardo, possibilitou o possível insucesso eleitoral da oposição.

Mas não desconsidero o fator “estrutura”.

Por diversas vezes frisei: Eduardo Campos tem guia, boa avaliação e estrutura.

Jarbas tem guia e capital simbólico.

Como é de costume em Pernambuco, diante de governadores bem avaliados, a oposição, rapidamente, sofre processo de deterioração.

Ela não desaparece, porque foi esmagada, mas porque muitos mudam de lado.

Compreensível, quando consideramos as particularidades do sistema político brasileiro.

A possível vitória de Eduardo é previsível?

Sim.

Mas eu não esperava que as pesquisas lhe dessem, até o momento, tão ampla vantagem.

Afirmar agora que Jarbas não tinha condições de crescer é uma falácia.

Jarbas tinha sim condições de crescer!

Porém, estas condições foram anuladas pelo governador Eduardo Campos.

A provável vitória de Eduardo lhe fortalece nos âmbitos local e nacional.

A disputa com Jarbas, até agora, fortaleceu Eduardo em Pernambuco e no Brasil.

O PT local, aos poucos, é engolido pelo PSB.

E o PT nacional terá que engolir, em algum momento, os objetivos de Eduardo Campos.

Professor Adjunto do Departamento de Ciência Política (UFPE) e Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral (UFPE)