Gravação contra promotor está nos autos do processo No JC de hoje A nova prova que compromete a atuação do promotor Miguel Sales, que, durante cinco anos, esteve à frente do caso que investiga a morte das estudantes Tarsila Gusmão e Maria Eduarda Dourado, já está anexada aos autos do processo.

Trata-se de uma gravação onde o promotor, hoje aposentado, conversa com familiares dos kombeiros Marcelo José da Silva e Valfrido Lira da Silva, acusados do assassinato das duas jovens.

De acordo com informações obtidas pelo JC, os diálogos gravados deixariam claro que o promotor teria favorecido os réus, numa atitude incompatível com a função de um representante do Ministério Público.

O promotor Ricardo Lapenda, que está à frente do caso junto com o promotor Salomão Abdo Aziz, afirmou que não poderia comentar ou dar detalhes sobre o teor da nova prova, afirmando que todas as informações serão apresentadas durante o julgamento. “O que posso dizer é que os jurados serão informados de fatos esclarecedores que nunca foram divulgados”, disse.

O advogado José Siqueira Júnior, que defende o pai de Maria Eduarda, o empresário Antônio Dourado, disse que a nova prova é importante para mostrar que o promotor Miguel Sales não tratou o caso com a seriedade que o cargo exigia. “A máscara dele caiu.

Desde o início, as provas estavam lá.

Se ele tivesse agido com correção, esse caso não teria se estendido por tanto tempo e os acusados já teriam sido julgados”, destacou Siqueira.

As famílias das duas vítimas não se surpreenderam com a informação de que existe uma nova prova que compromete o trabalho de Miguel Sales.

O pai de Tarsila, o comerciante José Vieira, e o pai de Maria Eduarda, o empresário Antônio Dourado, disseram que já tinham conhecimento da existência do material. “Como pai de uma das vítimas, tive acesso a essa informação.

Mas como o processo corre em segredo de justiça, os promotores não me passaram o teor da prova.

Mas sei que mostra o interesse dessa pessoa (Miguel Sales) em arrastar esse processo durante esses anos.

Ele usou esse caso como palanque político e isso será provado”, afirmou Vieira, se referindo ao fato de Sales ser atualmente candidato a deputado federal.

Para Antônio Dourado, o material irá esclarecer muitas dúvidas. “Vai mostrar de quem foi realmente a responsabilidade por esse caso ainda não ter ido a julgamento.

Que é desse promotor, que queria ser prefeito, depois derivou para deputado federal”, afirmou o empresário.

O promotor Miguel Sales disse que só poderá se defender de algo que ele tenha conhecimento. “Não sei do que tratam essas acusações.

Mas, enquanto fui promotor do caso, todas as minhas conversas foram lícitas, dentro do que recomenda a lei”, afirmou.

Ele disse que cabe à acusação apresentar as provas da sua conduta inadequada. “Quem acusa tem que provar”, afirmou.

Para o advogado Bruno Santos, que defende os irmãos kombeiros, a prova não vai influenciar no julgamento. “O réu do processo não é Miguel Sales.

Se eles tivessem um prova bombástica teria que ser contra os kombeiros e não contra Miguel Sales.

Isso não muda nada”, avaliou.