Para venceras eleições presidenciais com Dilma, o presidente Lula não pensou duas vezes em associar ao PMDB governista de Michael Temer.

No entanto, a decisão parece não ser unanimidade no PT.

O deputado federal Maurício Rands, no livro A Era Lula, aponta a associação com partidos fisiológicos como o PMDB como a raiz do mensalão. “No governo Lula, cabe investigar a hipótese de que tais sementes (autoritárias) ajudem a explicar a forma como se buscou constituir uma maioria no Parlamento.

Havia evidentes disparidades, de um lado e de outro, em construir uma base aliada com os partidos de mais afinidade programática, como PDT, PPS e parte do PMDB”, diz. “Preferiu-se fortalecer a aliança como PL e atrair partidos como o PP e o PTB, que tinha posições políticas distantes da posição do principal partirdo de sustentação do governo e do programa com o qual Lula foi eleito.

A relação com esses partidos, assim, constituiu-se de modo utilitarista.

Esperava-se apoio nas votações parlamentares em troca da participação na administração, sem maiores preocupações com a formulação comum da política de governo.

O mesmo padrão foi fortalecido quando, já no segundo mandato do presidente Lula, foi ampliada a participação do PMDB no governo” Na avaliação do deputado federal, este modo de relacionamento pode estar na base da promiscuidade (termo dele) revelada nos financiamentos de campanha, quando o PT, ou alguns de seus ex-dirigentes (termo dele), comprometeram-se a garantir recursos financieiros aqueles partidos para suas campanhas eleitorais. “Este modeo de aliança está muito longe de resguardar a fidelidade programática aos compromissos assumidos na campanha e, portanto, revelaum déficit democrático a ser reconhecido para ser corrigido”, observa.