Por Sérgio Montenegro Filho, no blog https://polislivre.blogspot.com Os jornalistas que cobrem a campanha eleitoral já desistiram de pedir ao governador-candidato Eduardo Campos (PSB) sua opinião a respeito de qualquer questão envolvendo o adversário Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Cansaram de ouvir a mesma resposta, que, com ligeiras variações de acordo com o humor da ocasião, soam tipo: “Não tomo conhecimento”.
Caminho mais fácil não há que nos negarmos a reagir a uma crítica quando ela “aparentemente” não nos atinge.
Afinal, apenas uma leitura superficial dos números das pesquisas basta para explicar a postura confortável do governador.
Mas não é bem assim.
O mantra do “desconhecimento ao adversário” cabe apenas nas aparições públicas de Eduardo, onde tem imprensa.
E sempre tem imprensa aonde quer que ele vá.
Mas sob a proteção dos muros do comitê de campanha ou do Palácio do Campo das Princesas, a conversa é outra.
Há “rumores” de que a ordem do governador é para que não se deixe o “doutor Jarbas” sem resposta.
Só que ela não deve ser transmitida pelas mãos dos jornalistas, para não parecer bate-boca.
Sempre que possível, o recado deve ser enviado ao peemedebista em forma de ações sem trégua da campanha da Frente Popular.
E de preferência, em áreas próximas às de Jarbas.
Política da “terra arrasada” mesmo.
Logo no início, “coincidências” de agenda levaram Eduardo a marcar atos de campanha nas mesmas cidades que Jarbas.
E no máximo com apenas um ou dois dias de antecedência ao evento do adversário.
Mas com o início do guia eleitoral de TV e rádio, as “coincidências” deram lugar à afobação.
Ontem, nem bem havia terminado o primeiro programa de Jarbas na televisão, A Frente Popular já rebatia propostas apresentadas pelo opositor.
Nese caso específico, a promessa de redução da tarifa sobre ligações de celular pré-pago.
Marketing!
Afinal, celulares ainda são - pasmem os senhores! - símbolo de status entre consumidores das classes menos abastadas, e os publicitários jarbistas podiam prever a reação positiva do eleitor.
Que só não foram mais rápidas que os telefonemas de assessores da Frente Popular à imprensa, em busca de espaço para contestar o mesmo peemedebista cuja candidatura alegam não tomar conhecimento.
Como a proposta havia sido lançada por Jarbas no guia eleitoral, obviamente os jornalistas entenderam ser aquele o fórum adequado à resposta.
Mas o insucesso em recuperar de imediato o suposto “prejuízo” eleitoral fez com que o governador utilizasse entrevistas previamente marcadas para tratar do assunto.
Que foi levantado por um candidato cuja existência ele garante nem notar.
Se a moda pega, e a cada promessa levada ao ar chovam adversários preocupados em contestá-las na imprensa, seria melhor redirecionar logo a estratégia de marketing de cada candidato.
Ou ao menos daqueles que sempre defenderam os longos, chatíssimos e ultrapassados programas do guia eleitoral como principal estratégia para serem catapultados ao poder.