Por Luciano Siqueira Acontece cada coisa na mente da gente que nem vale a pena tentar explicar.

Como certas associações entre fatos, coisas e animais, por exemplo, no meio de uma conversa, durante a leitura de um livro ou simplesmente quando você se delicia com um bom banho morno.

De repente, duas coisas ou idéias completamente distintas, distantes e desconexas se cruzam.

Coisa da dialética: afinal, tudo se relaciona…

Há alguns anos atrás, estava no I Congresso Latino-americano de Segurança Cidadã, em Natal, promovido pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça em cooperação com o governo do Rio Grande do Norte.

Na condição de vice-prefeito do Recife debatia, ao lado do comandante da Força Pública da Costa Rica, Alberto Lechan, a participação social nas políticas públicas de segurança urbana.

Tema complexo e apaixonante.

Especialmente porque no Brasil davam-se os primeiros passos a construção do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), que rompe com as bases de sustentação do velho e falido modelo de combate à violência criminal e aponta para uma verdadeira política de Estado.

Abordagem sistêmica e integrada do problema, articulando os três entes federativos – União, estados e municípios – e a sociedade civil; diálogo estreito entre repressão e prevenção, permeado pela defesa dos Direitos Humanos; transversalidade em relação ao conjunto das políticas públicas que compõem o todo da ação governamental; papel dinâmico dos municípios através de ações preventivas.

Vem à tona a necessidade de convicção, persistência e habilidade na tentativa de compartilhar com a sociedade a proposta inovadora.

Até porque tudo isso se insere nos esforços do governo Lula no sentido de recuperar o Estado nacional brasileiro fragilizado pelos anos neoliberais de Collor e FHC, e os obstáculos são muitos. - O senhor acredita que é possível implantar o SUSP na atual correlação de forças políticas? – vem à mesa a pergunta por escrito. - “Como dois e dois são quatro/Sei que a vida vale a pena/Embora o pão seja caro/e a liberdade pequena.” - Ferreira Gullar faz-se onipresente e nos impulsiona misteriosamente a escrever esses versos no caderno de notas.

Por quê?

Claro que a vida vale a pena e viver é antes de tudo um prazer.

Mesmo nas dificuldades.

Agora, responder a pergunta com a poesia do genial maranhense diante do público formado por algumas centenas de oficiais militares, delegados de policias civis e da Polícia Federal e autoridades de diversos quilates causaria certa estranheza.

Melhor foi guardar os versos e não recitá-los.

Mas, tanto quanto acreditamos que é possível implantar o SUSP, dois e dois são mesmo quatro e é verdade que a vida vale ser vivida com coragem, esperança e alegria.

Luciano Siqueira www.lucianosiqueira.com.br www.twitter.com/lucianoPCdoB www.lucianosiqueira.blogspot.com