Por Daniel Guedes, do Blog de Jamildo SALGUEIRO - Problemas com o projeto, com a licitação, com supressão vegetal, com o Ministério Público, com a licitação…

A lista de motivos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apontou nesta terça-feira (17) para justificar o atraso nas obras da Transnordestina é imensa.

A ferrovia que ligará municípios de Pernambuco, Piauí e Ceará aos Portos de Pecém (CE) e Suape (PE) deveria ter sido inaugurada no final deste ano, mas o prazo foi adiado para dezembro de 2011 e depois remarcado para o fim de 2012. “Nós demoramos cinco anos para chegar ao ponto em que nós chegamos.

Só eu participei de 31 reuniões.

Porque quando a gente pensava que estava resolvido o problema no Estado de Pernambuco, aparecia um negócio no Piauí.

Quando você pensava que tinha resolvido o negócio no Piauí, aparecia um problema no Ceará.

Em Missão Velha (CE), eu fui há cinco anos, tinha máquina trabalhando lá, e aí começou a surgir problema com o projeto; depois, com licitação; depois, com supressão vegetal, com o Ministério Público, na licitação…

Ou seja, é um verdadeiro inferno para você concluir um projeto dessa magnitude”, justificou o presidente que veio a Salgueiro inaugurar a fábrica que produzirá dormentes para a ferrovia.

LEIA MAIS SOBRE A VISITA DE LULA A SALGUEIRO Lula chegou à fábrica, no canteiro de obras da Odebrecht, principal empreiteira da obra da Transnordestina Logística S.A. (antiga Companhia Ferroviária do Nordeste – CFN) , às 13h15, quase duas horas depois do previsto.

O presidente visitou as instalações e posou para fotos ao lado daquilo que foi batizado “dormente presidencial”, peça colorida em verde e amarelo que ficará em Salgueiro, como o marco zero da ferrovia, marcando a intersecção dos três Estados por onde a Transnordestina passará: Pernambuco, Piauí e Ceará.

Agora apenas uma linha de produção está pronta.

Até o final de outubro, outras onze entram em operação.

Quando estiver funcionando plenamente, sairão de lá 4.800 peças por dia.

A Transnordestina utilizará 3 milhões de dormentes, quantidade que, alinhada, poderia ligar o Rio de Janeiro a Lisboa, em Portugal.

O presidente ainda parou para tirar fotos com funcionários e com os jornalistas.

Antes de começar o discurso, avisou à plateia que não falaria muito, pois ainda precisava inaugurar o Instituto Federal do Sertão de Pernambuco e decolar para Petrolina ainda com a luz do Sol.

A promessa foi cumprida e o petista discursou por apenas 25 minutos.

O EMPREENDIMENTO - A ferrovia está na fase de terraplanagem dos terrenos.

Por enquanto, apenas 30% da extensão em Pernambuco e no Piauí estão planos.

No Ceará, a infraestrutura foi feita no trecho de 86 quilômetros entre Missão Velha e Salgueiro (PE). 129 quilômetros entre os municípios de Belém de Maria e Suape sequer foram contratados.

Mesmo assim, a previsão é começar a instalação dos trilhos em alguns lotes no próximo ano.

O Governo do Estado ficou responsável pelas ações de desapropriação e fiscalização das obras.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, 92% do traçado da ferrovia em Pernambuco já estão desapropriados. “Essa ferrovia vai mudar o Estado.

Hoje ela emprega 5.500 pessoas nas obras e quase 200 na desapropriação e fiscalização.

Deste total, mais de 4.500 são nascidas em Pernambuco”, comemorou Bezerra Coelho, que representou o governador Eduardo Campos (PSB) que, por ser candidato, não pode participar de inaugurações.

NÚMEROS – A Transnordestina terá uma extensão de 1.728 quilômetros e demanda um investimento de R$ 5,4 bilhões.

De acordo com a Sudene, R$ 2,7 bilhões são do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), R$ 852 são do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor), R$ 180 milhões são do Banco do Nordeste (BNB), R$ 164 milhões são da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., uma empresa do Ministério dos Transportes e o restante do dinheiro (R$ 2,137 bilhões) vêm de recursos próprios e de empréstimos junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).

Os trilhos estão vindo da China.

Serão utilizados 170 mil toneladas, o equivalente a 4.100 quilômetros, mais ou menos a distância entre as cidades de São Paulo (SP) e Manaus (AM).

Aqui cabe uma ressalva.

Alguns leitores podem se perguntar por que são necessários mais de 4 mil quilômetros de trilhos se a ferrovia tem “apenas” 1.728 quilômetros de extensão.

Explica-se: é preciso considerar que para que o trem passe são necessárias duas barras paralelas, além disso, como a malha ferroviária do Brasil não é uniforme, haverá dois tipos de bitola em alguns trechos.

Logo, em algumas partes da Transnordestina haverá três trilhos paralelos.

Quando ficar pronta, a ferrovia terá capacidade de transporte de carga de 30 milhões de toneladas anuais.