De Petrolina Na TV e nos discursos acadêmicos, os petistas costumavam criticar ‘a herança maldita’ de FHC e dos tucanos, especialmente a privatização.

No livro, a Era Lula, o deputado federal Maurício Rands, do PT, deixa de lado a mesquinharia do jogo político e reconhece uma série de avanços dos anos FHC.

Embora o partido tenha entrado no STF contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, o deputado chega a surpreender ao defender hoje a estabilidade. “A introdução da responsabilidade fiscal na agenda deve ser reconhecida como um mérito do governo anterior”, afirma. “Não se deve impedir a percepção de que o governo anterior lançou algumas das bases necessárias à reorientação do desenvolvimento excludente até então experimentado pelo país.

Sem a introdução de padrões como a estabilização monetária, a responsabilidade fiscal, a descentralização, a focalização, e o usufruto das políticas públicas sem intermediação, muitas das políticas públicas em desenvolvimento no governo Lula seriam dificultadas porque ainda precisariam daquelas providências antecedentes”, declara, sem constransgimento.

Rands cita um exemplo.

A questão da renegociação da dívida pública no governo FHC, mas existem vários outros esqueletos que foram retirados do armário, como o fechamento dos bancos públicos podres nos estados, ralo de dinheiro público e corrupção. “A assunção pela União da dívida pública dos estados, negociada no governo FHC, foi um fator importante para frear o crescimento da dívida pública líquida interna, o que, se não tivesse sido feita, acabaria precisando ser decidido pelo governo Lula”, reconhece.

Não quer dizer que não existam críticas.

Rands reclama especialmente da valorização cambial. “A política econômica do governo anterior fez concessões a um populismo cambial que manteve artificialmente valorizado o real em detrimento da balança comercial, aumentando a vulnerabilidade externa”, diz. “O sucesso do plano real, apesar da grande contribuição trzda pela estabilização monetária, não foi capaz de reduzir suficientemente a pobreza e a desigualdade Até porque não era esse o objetivo e foco”.