Caro Jamildo, Li alguns textos postados, em seu blog, sobre os problemas no HUOC.

Para nós, que fazemos o Sindicato dos Servidores da UPE - Sindupe, não há novidade no teor da conclusão da SECGE.

A Controladoria só ratifica o resultado da Sindicância feita pela própria UPE - Sindicância essa que motivou, em dezembro último, o Conselho Universitário a intervir no próprio Hospital Universitário Oswaldo Cruz.

Até aí, sem novidade alguma.

Sinceramente, não sei se a SECGE tem competência para cobrar da UPE os recursos que não foram aplicados na realização de 120 leitos, mas o TCE, todos sabem, tem - e já se posicionou nesse sentido.

Através de uma Auditoria Especial, o TCE coloca, também, até o atual vice-governador, secretário de Saúde na época em que o Termo de Compromisso foi celebrado, como um dos responsáveis pelas irregularidades cometidas no HUOC.

Portanto as Auditorias da SECGE e TCE, além da Sindicância da UPE, têm entendimento igual: não houve a realização de 120 leitos, como o Termo de Compromisso estipulou; e, para a Sindicância da UPE e Auditoria do TCE, houve desvio de finalidade dos recursos financeiros para a realização dos 120 leitos.

Isso é o que consta nesses documentos.

Até aqui, nada de novo pra gente.

Aliás, o blog está desatualizado, pois não citou a Auditoria do TCE…

Mas o que nos causou espécie foi o resultado do Inquérito Administrativo feito na UPE – procedimento investigativo que se seguiu à Sindicância.

O Inquérito Administrativo teve, como primeira conclusão, que o que houve no HUOC foi apenas um “conflito de natureza pessoal” (!) entre o Diretor e a Vice de então.

Como assim?

Tudo se resumiu a picuinha?

Como uma Sindicância aponta uma série de erros, a ponto de motivar a intervenção no HUOC e, em seguida, vem o resultado de um Inquérito Administrativo dizer que os problemas apontados pela Sindicância não existiram ou não existem?

Quem quer enganar quem?

Quem quer se enganar?

Como a divergência entre a conclusão da Sindicância e do Inquérito Administrativo chega a ser grotesca, vamos solicitar, na próxima reunião do Conselho Universitário, dia 01/09, que o Reitor não homologue o resultado do Inquérito Administrativo.

Se esse resultado for homologado, será dado um passo para a desmoralização completa da UPE – coisa pela qual muita gente torce, dentro e fora da Universidade.

A UPE é um órgão público com modelo de gestão democrático radical e generoso.

Servidores, inclusive os professores, e alunos, terem a capacidade de escolher seus dirigentes é algo formidável – diferente dos outros órgãos onde os gestores, na maioria das vezes, são indicados para fazer acomodações políticas.

Mas tamanha prerrogativa exige responsabilidade à altura. É preciso identificar e combater o inimigo externo, mas é preciso, também, dar combate aos sabotadores internos da UPE.

Calar, sabendo que um Inquérito Administrativo diz que na gestão que sofreu intervenção não houve nada além de futricas, quando três processos investigativos – Sindicância da UPE e Auditorias da SECGE e TCE fustigam essa mesma gestão, seria corromper a verdade com um silêncio cúmplice que não cabe a um Sindicato.

Por isso queremos repercutir esse assunto no Conselho Universitário.

Temo acordo com o pensamento da professora Marilena Chauí: a verdade não pode escandalizar.

O que pode escandalizar, e escandaliza, é a forma como a coisa pública é maltratada.

A vergonha pela qual passa o HUOC tem que ter um fim.

Que a verdade apareça, custe o que custar!

Gleidson A.

V.

Ferreira Pres. do Sindupe P.S – Jamildo, só mais um fato.

Se os 120 leitos fossem postos para funcionar hoje, da noite para o dia, ninguém seria internado.

O motivo? - Simplesmente não há profissionais para isso no HUOC!

Digo mais: há setores que podem parar seu funcionamento por causa de uns contratos que vão terminar agora, em agosto.

Esse embaraço – a falta de servidores, também atinge CISAM e PROCAPE e prejudica alguns serviços. É inegável que a UPE cresceu no governo Eduardo Campos – novos cursos e novas Unidades de Ensino são uma realidade.

Mas a UPE tem tido um crescimento a base de anabolizantes.

A Unidade de Caruaru, por exemplo, funciona com dois cursos, mas sem nenhum servidor técnico-administrativo.

Na Unidade de Ensino de Salgueiro, a mesma realidade de Caruaru.

Como essas Unidades da UPE podem funcionar sem servidores?

Funcionam com estagiários e contratados.

A Faculdade de Odontologia de Pernambuco é outro exemplo – nela trabalham menos servidores hoje do que há 10 ou 15 anos.

E essa é a realidade de todas outras Unidades da UPE.

Se as pesquisas se confirmarem e o governador Eduardo Campos se reeleger, terá que reavaliar essa questão. É certo que fazer concurso e dar posse a servidores da UPE deve render um efeito midiático bem inferior do que fazer concurso e dar posse a bombeiros ou policiais civis e militares.

Deve ser por isso que a UPE carece de servidores e que algumas Unidades têm funcionado com estagiários e contratados.

Fazer com que a UPE cresça sem fazer concurso público, sem dar o número necessário de servidores para que ofereçam um serviço decente à população, não é, também, depreciar a Universidade?