Por Sérgio Montenegro Filho, no blog https://polislivre.blogspot.com Continuo com saudades dos xingamentos, dos gritos, do desespero dos mediadores em tentativas inúteis de manter o controle sobre exaltados candidatos.

Assim eram os debates eleitorais de antigamente na televisão.

Mesmo aqueles com apenas dois oponentes conseguiam prender a atenção do eleitor-telespectador.

Na noite de quinta-feira passada, confesso que fiz força para não dormir diante da TV, durante o debate entre os candidatos ao governo de Pernambuco.

Faltou pouco.

Com todo respeito aos colegas da TV Clube/Band pela iniciativa louvável e democrática, foram poucos os momentos que realmente atrairam a atenção.

Mas a culpa não é dos organizadores - embora o formato ajude a tornar o programa mais insípido.

A culpa, na verdade, é dos próprios candidatos.

Seja pelo despreparo, seja pela falta de compromisso com a apresentação de propostas diferenciadas, seja pelo estilo demasiadamente matreiro.

O fato é que o primeiro embate do pleito estadual não trouxe nada de novo para o eleitor.

Preocupado em defender sua gestão, o governador-candidato Eduardo Campos (PSB) obviamente jogou confetes em si mesmo.

E quando teve oportunidade de partir para a luta franca com o desafeto Jarbas Vasconcelos (PMDB), preferiu a ironia e a esquiva.

Nem parecia aquele candidato que nas ruas se mostra disposto a fazer da oposição uma “terra arrasada”.

Jarbas, por sua vez, mostrou que está mesmo destreinado para debates.

Talvez por ter rejeitado a participação em todos os confrontos de 2002, quando disputava a reeleição como favorito.

Por mais que se esforçasse ontem, o peemedebista não conseguia trazer o rival Eduardo para dentro do ringue.

O resultado é que os dois ficaram apenas se xingando de longe, que nem meninos buchudos.

E os outros quatro concorrentes?

Sim, havia mais deles no debate.

Mas suas participações refletiram seus índices nas pesquisas, que oscilam entre zero e um ponto percentual.

Não conseguiram despertar discussões acaloradas, e tampouco apresentar propostas que atraíssem o eleitor.

Faça-se aqui uma justa exceção para Sérgio Xavier (PV), que se esforçou para explicar as propostas modernas dos verdes, baseadas na sustentabilidade.

Mas a tabelinha com os oponentes não ajudou.

Entre os representantes da ultra-esquerda, a preocupação se limitava à crítica radical aos governos de Eduardo e de Jarbas, mescladas a promessas inexequíveis, como a reestatização de empresas privatizadas, e coisas afins.

Mas por que defender o bate-boca, as agressões e as baixarias politicamente incorretas no debate?

Talvez por já ter ligado a tevê convencido de que não seria surpreendido com discursos diferenciados ou propostas inovadoras para o Estado.

E sem isso, só mesmo o velho vale-tudo eleitoral para evitar os cochilos em frente à telinha.

Mas nem isso eles souberam fazer.

Que saudades dos velhos debates…