Na foto acima, do Blogimagem, o primeiro pedágio do Estado, construído na PPP do Paiva Por Renato Lima, especial para o Blog Acompanhei por este Blog de Jamildo a crítica ao velho discurso socialista de Eduardo Campos e a sua defesa feita pelo secretário de imprensa Evaldo Costa.
O secretário, como todos que o conhecem sabem, é simpático e amigo.
Simpático mas, nessa questão, errado.
E, aos amigos, devemos apontar o equívoco.
Em poucas palavras, o liberalismo é uma filosofia política que combate a centralização do poder e defende os direitos individuais, como a liberdade de expressão, liberdade religiosa, direito a propriedade pessoal e trocas voluntárias entre indivíduos. É uma tradição que vem de John Locke, Adam Smith, John Stuart Mill, Thomas Jefferson entre outros.
Não falta tradição liberal em Pernambuco.
Liberais foram Joaquim Nabuco e Austregésilo de Athayde.
Ou, antes as revoluções pernambucanas contra o monarquismo centralizador, justamente conhecida como “revoluções libertárias”, como a de 1817, Confederação do Equador e a Praieira.
A centralização do poder e o autoritarismo já derramaram muito sangue pernambucano, que buscava justamente ideais liberais.
Como o caso do nosso Frei Caneca.
O nobre secretário afirma que os defensores do liberalismo “apregoavam seus defensores, iria resolver todos os problemas da sociedade com a simples redução do tamanho do estado, a desregulamentação da economia e a liberdade absoluta dos chamados agentes do mercado.” Gostaria muito de saber onde o secretário leu isto.
Aliás, sei, em nenhum livro de liberais, porque a maioria dos socialistas nunca abriu um livro de pensador liberal.
Atacam o que mal conhecem, defendem o que sabem (no íntimo) que não dá certo.
Esse tipo de discurso de “desregulamentar tudo” e “liberdade absoluta” é quase inexistente, só se encontrando em anarco-capitalistas, tipo Ayn Rand.
O liberalismo é uma filosofia aberta, como a define Karl Popper no seu “A sociedade aberta e seus inimigos”.
Uma filosofia fechada, como o marxismo-leninismo, que tinha um projeto para toda a sociedade (e quem não se encaixasse que partisse dessa para a melhor) é que prometia resolver todos os problemas da sociedade.
E, em menor medida, é o bolivarianismo de Hugo Chávez, de querer fazer a sociedade toda se encaixar na sua visão do mundo – nem que para isso se feche jornal, prenda-se opositor, crie um partido único de apoio ao governo.
Resumindo, quem defende que tem a fórmula para resolver todos os problemas da sociedade não compartilha de uma visão liberal.
Pelo contrário.
O liberal reconhece que a sociedade é muito complexa, com diversos interesses e um futuro que nos escapa o sentido.
Por isso a centralização do poder, como o planejamento estatal tipo União Soviética ou Cuba, não condizem com a liberdade pessoal das pessoas e nem traz prosperidade.
O liberalismo não traz a solução para a sociedade, mas defende que indivíduos, cooperando em conjunto, podem construir um mundo melhor do que um burocrata com o poder nas suas mãos.
E que a construção dessa sociedade passa por um Estado forte no que deve fazer, por exemplo, na garantia da Justiça, como o respeito aos contratos e a segurança e no provimento de bens públicos, em associação ou através do Estado.
Para alguns liberais, o Estado deve atuar na igualdade de oportunidades, em vez da igualdade de resultados.
Políticas sociais focadas nos mais pobres, como o Bolsa-família, também não contradizem os princípios liberais.
Pelo contrário.
Um liberal mais extremado como Friedrich Hayek, que chegou a defender a privatização do dinheiro, também defendeu um programa social de combate a pobreza para melhorar o nível de vida dos mais pobres.
Secretário, não deixe de ler “O caminho da servidão”, do prêmio Nobel de economia e amigo de Wiston Churchill, Hayek.
Não precisa nem sair do gabinete, pode fazer o download através neste link aqui..
Felizmente, se da boca para fora o discurso do governador Eduardo Campos ainda é de defesa do socialismo, as boas ações do seu governo vão no sentido contrário.
Aliás, Eduardo Campos é um dos mais ortodoxos liberais brasileiros tendo avançado na privatização até de cadeia, através da PPP do Itaquitinga.
Achando pouco, numa ironia com a história dos homenageados nos nomes dos três hospitais que prometeu, Eduardo Campos privatizou a gestão dos hospitais, que é feito por meio de Organizações Sociais (OS).
E também de forma privada é a gestão das UPAs e a construção do estádio da Copa.
E a ainda colocou um pedágio de uma ponte construída de forma privada, o acesso ao Paiva.
Secretário, se o socialismo é melhor, porque o governador Eduardo Campos escolheu soluções privadas para uma cadeia, para hospitais e para uma ponte?
Por que escolheu métodos de gestão privados como bonificação para policiais e professores que batem metas, em vez do método socialista de remuneração igualitária?
Será que foi por perceber que a gestão privada deve apresentar melhores resultados sociais do que a gestão direta estatal?
Não acredito que seja o caso do nobre e sempre afável secretário Evaldo Campos, mas desconfio de que muitos dos que defendem o “socialismo” do atual governo não seja por falta de informação, mas por cálculo político.
E, se assim o fazem, é para enganar a população.