Por Bráulio Wanderley – Blog História Vermelha.
Sinceramente não esperava um debate de ideias e propostas divergentes entre projetos para o Brasil nessa primeira eleição sem o carisma de Lula.
Contudo, tenho que assumir a decepção com o baixo nível dos candidatos, o nervosismo aparente e o péssimo improviso.
Comecemos pela candidata Dilma Rousseff (PT).
Nitidamente nervosa e recorrendo a números e lendo anotações sob a banqueta, foi atrapalhada nas respostas, fugiu do debate sobre saúde, não foi clara quanto à reforma agrária, sua gagueira demonstrou a insegurança de quem estava debutando nas eleições.
José Serra (PSDB) tentou polarizar o debate com a petista.
Nervoso em alguns momentos, perdeu uma grande oportunidade para elucidar o discurso de que a candidata de Lula é ‘um poste’ e que ele, Serra, é mais preparado e experiente.
Atento a debates pífios, tentava fazer paralelos entre BR’s e mutirões de saúde.
Perdeu-se no quanto a um dos maiores programas de eletrificação do país, o Luz para todos, a ponto de confundi-lo com Luz no campo.
Marina Silva (PV) foi tão despreparada que nem o samba de uma árvore só ela conseguiu entoar de modo convincente.
Sua ânsia em ser a direita de Dilma e a esquerda de Serra é tamanha que refuta seu passado recente como ministra dos governos Lula e tenta qualificar o governos FHC, aos quais combateu no seu primeiro mandato de senadora pelo Acre.
Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) para alguns foi a surpresa da noite.
De longe foi o mais seguro, respondeu com convicção às perguntas, atacou seus adversários sem necessidade de ofendê-los.
Pautou sua postura no debate de ideias, buscando o contraditório entre seu projeto e os dos demais.
Não precisamos ir longe para lembrar as calorosas divergências entre Brizola, Covas, Maluf, Lula, Enéias, Collor, FHC, Ciro, Garotinho, Serra, Alckmin e Cristóvam.
O primeiro debate pós FHC/Lula foi deprimente, fraco, prolixo, vago e ambíguo.
Isso denota a ausência de quadros ideológicos nesses 25 anos de redemocratização e 16 entre governos do PSDB e do PT.
O discurso tecnicista e sem projetos de país é a cara de quem não tem investido em formação política.
Militâncias pagas, sedentárias e aparelhadas em cargos comissionados, empresas terceirizadas e a milhões de anos-luz da realidade contrastante de um país chamado Brasil acabaram fazendo a transfusão do despreparo e da gambiarra de hipóteses sem embasamento concretos a quem está se dispondo a governar o país pelos próximos 4 anos.