O cientista político e professor da UFPE Jorge Zaverucha questiona a democracia brasileira em seus escritos.

Para ele, as instituições brasileiras funcionam adequadamente apenas no âmbito formal.

Os pesquisadores do Instituto Maurício de Nassau, para a realização do livro O Que Pensa o Eleitor Pernanmbucano, questionaram os pernambucanos sobre a questão e a opinião do eleitor mostrou que Zaverucha tem razão.

O analista usa de uma fina ironia, com citação de Maquiavel, ao fazer o alerta para a fragilidade da democracia brasileira. “Maquiavel alertou para o fato de que as mesmas instituições que são consideradas excelentes quando as pessoas são virtuosas tornam-se prejudiciais quando os indivíduos tornam-se corruptos.

Uma cultura democrática é crucial para a sustentação da democracia pois a democracia é muito mais do que a soma de suas instituições formais”, escreve, comentando a obra.

No levantamento, ao perguntar sobre que instituições eram as mais confiáveis, o eleitor pernambucano deixou de fora a Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Para os pesquisadores, os escândalos - diversos deles associados a atos de corrupção - certamente contribuíram para que o Poder Legislativo não obtivesse a confiança de razoável parte do eleitorado pernambucano. “O eleitor talvez não se sinta atendido pelo Poder Legislativo, chegando até a questioná-lo quanto à sua existência diante, inclusive, da percepção que o entrevistado pode ter quanto à sua eficiência e utilidade”.

A situação é mesmo engraçada.

O eleitor vota, mas não confia nada.

Na obra, os autores levantam a hipótese de que se o voto não fosse obrigatório os eleitores poderiam manifestar sua insatisfação.