Embora pareça contraditório criticar sempre os tucanos e agora pedir apoio de uma boa parte deles para a sua reeleição, o movimento que Eduardo Campos faz nestas eleições cooptando os aliados de Sérgio Guerra, sem o protesto do cacique, é estratégico para o seu futuro político.

Com os tucanos ao seu lado, Eduardo Campos reduz o poder de barganha do petismo e dos outros partidos de esquerda.

Inquilinos do governo socialista até aqui, os petistas podem revelar-se com a obtenção ventual de algum cargo mais importante na república.

Eduardo usa agora os tucanos como Jarbas usou os democratas, mais atrás, para chegar ao poder e manter sua reeleição com a União por Pernambuco.

Já o movimento dos tucanos em nada surpreende.

No Brasil, e muito menos em Pernambuco, o que motiva as alianças e as eleições não são as convicções ideológicas.Alguns deles poderiam até alegar afinidade ideológica com o socialista.

De fato, em muitos aspectos, Eduardo é mais continuador da obra de Jarbas do que foi do governo Arraes.

Isto é um fato importante.

Embora mantenha alguns cacoetes populistas, o governador aspira ser um político moderno, para ter alguma chance de voo nacional.

No aspecto gerencial, esqueceu a velha vitimização das esquerdas.

Tudo que dava errado era por culpa de FHC.

Eduardo também acabou com o pobrismo, reduzindo a coisas residuais programas como o chapeu de palha. É quase um tucano.

Nada mais natural do que se cerque deles.

A humilhação que o socialista inpõs ao PT e ao PTB na escalação a chapa majoritária é outra prova de que os socialistas planejam manter os petistas sob rédea curta.

Ao colocar a Contag ao lado do empresário Armando Neto, e Joaquim Francisco ao lado do petista Humberto, o socialista cravou, com sinal trocado, que não deseja ambos em sua sucesão.

Imagina o mal estar que seria para Humberto e seus aliados entregar uma cadeira do Senado a Joaquim Francisco para sair candidato.

Na festa de João Paulo, o vereador Marcelo Santa Cruz recusou-se a subir no palanque que estava Joaquim Francisco, dizendo para quem quizesse ouvir que ele era um dedo-duro na ditadura.

A única resistência que havia no petismo local, João Paulo, foi devidamente anulada, quase esmagada.

Luta agora para eleger-se deputado federal, mas sabe que nunca terá mais a legenda para eleições majoritárias.

Se Humberto Costa ganhar, aliado com Eduardo, João Paulo terá que sair do PT, se é que já não está analisando opções.