Por Terezinha Nunes Deputada Estadual pelo PSDB Apontado como a salvação nacional, embora ande a passos de tartaruga, o PAC tem sido citado pelos governos federal e estadual como um programa jamais visto na história do Brasil e de Pernambuco.
A propaganda oficial, ávida por vender ilusões, já chegou ao ponto de apregoar as maravilhas do PAC-2 quando não foram concluídas nem 10% das obras previstas no PAC-1.
Mas, independente do tempo em que será executado, esperava-se que o PAC tivesse sido criado para atender às necessidades mais urgentes da população.
Neste caso, em se tratando dos municípios da Mata Sul de Pernambuco, recentemente vítimas de devastadoras enchentes, quais seriam as obras prioritárias?
Evidentemente que aquelas capazes de resolver o problema das enchentes ou de, pelo menos, minorá-lo.
Mas não foi isso, infelizmente, o que aconteceu.
Uma simples consulta ao site do governo federal que traz a relação das obras projetadas através do PAC para os municípios mais atingidos, como Palmares, Água Preta, Barreiros e Cortês demonstram que nenhuma delas- de um total de 11 - tem a ver com o que de mais crucial precisa ser feito nos locais atingidos, ou seja, o desassoreamento do rio Una, o deslocamento das populações das áreas mais suscetíveis a enchentes além de obras de contenção como barragens.
O PAC destinou a esses municípios R$ 14 milhões e 312 mil para habitação, melhorias sanitárias domiciliares, saneamento rural, assistência técnica e abastecimento d água.
Agiu-se em relação ao programa como se as enchentes não existissem ou não fossem uma ameaça constante.
Está certo que, como tudo no PAC, essas obras andam vagarosamente.
Somente duas estão em execução.
As demais se encontram, como diz o próprio site oficial, na “ação preparatória”, ou seja, não passam de projetos.
Não saíram do papel.
Mas, mesmo assim, era de se esperar que tivessem contemplado o rio Una e seus afluentes.
Não foi o que ocorreu.
A deputada estadual Ceça Ribeiro, uma ambientalista exemplar, externou sua indignação esta semana acusando a falta de decisão política pela tragédia que ceifou vidas e causou uma devastação sem tamanho.
Citou que há dois anos as autoridades federais e estaduais foram alertadas pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Una sobre o problema e os ofícios enviados foram, sequer, respondidos.
Diante de tanto descaso espera-se que os responsáveis pelo planejamento das obras do PAC venham a público explicar o que houve e pedir desculpas pelos erros cometidos.
Fazer de conta de que o que aconteceu foi uma tragédia inevitável e imprevisível é indigno e revoltante.
Como revoltante é saber, como relatou a revista Veja, que o governo federal tenha gasto em prevenção de desastres em 2010 apenas 14% dos R$ 508 milhões previstos quando só de janeiro a julho liberou R$ 535 milhões para reconstruir áreas devastadas.
Ou seja, os gastos para remediar as tragédias foram sete vezes maiores que os preventivos.
Além disso Pernambuco, segundo a mesma reportagem, recebeu somente 0,24% dos recursos liberados.
A Bahia, terra natal do ministro da integração Gedel Vieira, ficou com 56,85% sem que tenha sido vítima de uma tragédia sequer parecida com a pernambucana.
Quem vai pagar por isso? É o que todos querem saber.