O candidato do PT ao Senado, Humberto Costa, pode acabar saindo prejudicado eleitoralmente do pleito que tanto batalhou para estrelar, em função da grande incoerência montada agora na reta final.
Não foi pequeno o espanto de muitos ao ver o ex-governador Joaquim Francisco (ex-Arena, ex-PDS, ex-PFL, ex-PTB e ex-DEM), hoje no PSB, primeiro suplente de Humberto Costa (PT), candidato ao Senado pela Frente Popular de Pernambuco.
Muitos já não haviam aceitado muito bem o ex-governador no campo das esquerdas, quando aderiu ao PSB.
De gozação, ele tem sido chamado, nos bastidores, de Stalin de Macaparana.
Já Sebastião Rufino seria o Mao Tse Tung de Bom Jardim.
Aqui mesmo no blog, petistas não alinhados com a corrente de Humberto Costa estrilaram.
Alguns outros chegaram a comparar a surpresa com a época em que Jarbas Vasconcelos (PMDB) se uniu ao PFL para chegar ao poder, sendo acusado, então, de trilhar o “caminho da perdição”.
No meio do foto amigo, houve até quem lembrasse o episódio em que João Paulo, eterno contendor no PT local, envolveu-se em uma confusão com a PM e teve algumas costelas quebradas.
Era o governo Joaquim.
Justo João Paulo com quem Humberto Costa tanto acotovelou-se para disputar o Senado.
Como não é um arrasa quarteirão de votos como Jarbas, não se sabe o que Joaquim Francisco agrega a chapa governistas como suplente, uma vez que sua votação é declinante nos últimos anos e não se imagina seus eleitores depositem suas melhores esperanças no petista.
Como o voto para o Senado é casado, a situação pode acabar ajudando Marco Maciel e Raul Jungmann.
Muitos podem não gostar de um ou de outro, mas não há incoerência nas duas figuras na mesma chapa.
Os dois sempre estiveram no mesmo campo político.
Aliás, os dois são ex-coladoradores do governo FHC, um como vice e outro como ministro. É possível que Humberto Costa esteja tão convicto que vai levar pelo menos uma das vagas ao Senado que, para ele, tanto faça como tanto fez, que pode vir a sucedê-lo.
Há quem diga que, mesmo eleito, pode virar ministro de Dilma. É muito se.
Entre seus aliados, a aposta é de que ele vai ser beneficiado por todos os votos do campo de esquerda.
Dilson Peixoto teve votação expressiva para o Senado, com mais de 1,1 milhão de votos, e pensou que era dele a votação.
Tanto não era que, em vez de crescer eleitoralmente, sequer teve condições de disputar novos mandatos.
Resta saber se esses votos serão suficientes e não serão divididos, pelo corpo mole de umaala do PT.
Nosso brilhante colega Paulo Sérgio Scarpa lembrou, no JC, que o espanto não deveria ser assim tão grande. “Afinal, Humberto já fez campanha para Severino Cavalcanti (PP), subiu no palanque com Inocêncio Oliveira (PR) e Pedro Correia (PP) e, em escala nacional, o PT há anos é aliado histórico de José Sarney e Jáder Barbalho”. “Juntar-se a Joaquim Francisco chega a ser um luxo, convenhamos”, opina Scarpa.
A esquerda petista, entretanto, está mais chocada com a maneira como se deu a imposição de Joaquim do que com o conteúdo político da parceria.
O próprio Joaquim Francisco, numa conversa com Ana Lúcia Andrade, nossa Dora Kramer, não aliviou muito ou tentou diminuir as arestas com os novos companheiros e aliados. “O suplente de senador do PT, Joaquim Francisco, se diz tranquilo com restrições petistas ao seu nome.
Entende que polêmica só se gera quando as pessoas externam.
Reconhece que houve discordâncias, mas tudo foi acertado com o PSB”, escreveu.
Ou seja, caso queira discordar, vá reclamar ao bispo Eduardo Campos.
Não se vê muita chance disto ocorrer.
Desde muito tempo o petista tornou o PT local uma sub-legenda de Eduardo Campos, ao submeter as decisões ao amigo socialista.
Parece não fazer nada sem consultar Eduardo Campos, depois de ter virado subordinado deste até administrativamente.
Até saiu do governo e deixou lá um seu protegido.
Aquele mesmo que sonhou que seria senador por Pernambuco.