Duda Martins, no texto Teatro sem pudor de Zé Celso Em busca da tal liberdade, a trajetória do grupo é marcada por fatos polêmicos, que já envolveram a classe artística e a política.
Na ditadura, após ter sido preso e torturado (recebeu este ano indenização do Estado em R$ 570 mil), o grupo foi exilado do País por cerca de cinco anos e trabalhou com teatro e cinema em Lisboa, Moçambique, Paris e Londres.
A partir de 1979, Zé Celso e os artistas do Oficina voltaram ao País e iniciaram um movimento de renovação.
A ousadia do Oficina, inclusive, já causou “rebuliço” também por aqui: “Eu tenho um preconceito favorável a Pernambuco e acho isso aqui muito parecido com a Grécia, o que me encanta ainda mais.
Mas, há muitos anos, tentei fazer Bacantes aqui.
Alguns artistas locais foram contra, e tivemos que ir embora para casa.
Uma das atitudes mais desagradáveis foi do (Francisco) Brennand.
A gente foi fazer umas fotos de uma peça que tinha três homens vestidos de mulher e uma das esculturas dele apareceu na foto.
Ele proibiu que as fotos fossem divulgadas, dizendo que as obras dele não apareciam em fotos que tivessem ‘veados’.
Foi de uma grosseria incrível.
Eu tenho um desprezo enorme por esse artista”, relembrou o diretor. “O mesmo desprezo que tenho por ele, enalteço a figura de Chico Science, que foi responsável por uma revolução cultural em Pernambuco, que era muito careta antes dele.
Ele revolucionou a Tropicália.
Por causa dele, eu sou totalmente pernambucano.
Eu sou pró-Chico Science A gente interpreta Chico como a ciência da alegria, da liberdade, de se comportar de uma maneira diferente da que até hoje a sociedade se comporta e aporrinha a humanidade.
A loucura tem um Science, enquanto a caretice é analfabeta”, filosofou.