De O Estado de S.Paulo Depois de desempenhar por quase uma semana o papel de administrador da crise com o DEM, o presidenciável tucano José Serra, acompanhado do novo vice, deputado Índio da Costa, do Democratas, vestiu o figurino de candidato: chamou a petista Dilma Rousseff para o debate, tentando ressaltar as diferenças de competências, e atacou o governo Lula.

Bem à vontade diante do auditório lotado da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o tucano aproveitou a plateia ruralista para atacar o Movimento dos Sem-Terra (MST).

Não satisfeito em criticar o movimento, Serra também reprovou a relação do governo federal com o movimento, ironizou a ausência e a falta de experiência da adversária petista e ainda observou que não se vende candidato como se fosse um iogurte. “Nossa estratégia de campanha é a da exposição, da transparência e da verdade.

A de outros candidatos não passa por aí”, disse Serra ontem, em uma indireta à petista Dilma Rousseff.

Em seguida, o tucano condenou a injeção de recursos públicos no MST e o vaivém do governo Lula e de sua presidenciável. “Não adianta por o boné numa hora, e noutra hora tirar o boné (do MST) e esconder numa gaveta. É preciso ter clareza do que fazer”, afirmou.

Serra também declarou que não compete ao governo dar dinheiro público a movimentos de invasões. “O MST se diz de reforma agrária, mas, na verdade, não passa de um movimento de natureza revolucionária socialista”.

O tucano considerou legítimas as reivindicações dos sem terra, mas advertiu que dinheiro do governo não pode financiar invasões e desrespeitar as propriedades. “Reforma agrária não pode ser pretexto para uma ação política.

Na prática o MST é mantido pelo governo federal”.

Vice no Twitter.

Enquanto Serra atacava o governo, Índio da Costa criticava Lula e Dilma Rousseff em seu Twitter. “Lula diz que não me conhece.

Esqueceu que tentou barrar o (projeto do) ficha limpa, mas não conseguiu”, escreveu o deputado.

Ele também aproveitou ainda para acusar a candidata petista de fugir do debate promovido pela CNA. “Tem petista que diz que sou inexperiente.

Tenho mais experiência que a Dilma.

Muito mais”, postou em seu Twitter.

Para mostrar a atenção que seu eventual governo dará à agropecuária, Serra começou sua exposição referindo-se ao setor como a galinha de ovos de ouro da economia nacional e criticou mais uma vez o MST, propondo-se a criar um marco contra o movimento que tem invadido áreas plantadas.

Serra bateu forte no governo Lula.

Disse que há uma nova modalidade de privatização no Brasil, em que o governo pega o dinheiro do contribuinte e doa a determinadas empresas, financiando empréstimos subsidiados ao setor privado.

Ao criticar o loteamento político dos cargos públicos promovido pelo governo Lula entre os partidos e sindicatos, o tucano propôs estatizar o Estado brasileiro e voltou a condenar o aparelhamento das agências reguladoras.

Ponto de ônibus.

Ponto Disse que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que ele criara nos tempos de ministro da Saúde, virou um ponto de ônibus.

Segundo o presidenciável, nessa parada que políticos derrotados embarcam e, na eleição seguinte, desembarcam da direção da agência para concorrer a um novo mandato eletivo.

Sem citar o nome dos adversários na corrida presidencial, Serra procurou mostrar que é o mais preparado para assumir o comando do País. “O governo não é lugar para aprender”, destacou. “É lugar para fazer.” Âncora verde.

Tratou a agricultura como a âncora verde da estabilidade de preços, mais forte até do que a âncora cambial que, segundo o tucano, acaba punindo a economia, pelo abuso.

Diante de exportadores sempre queixosos do câmbio sobrevalorizado, e dos juros altos, Serra disse que, em termos relativos, o Real, é a moeda mais valorizada do mundo.

Segundo ele, moeda forte é a que tem um valor realista, e não um valor irreal.

Serra foi aplaudido quando prometeu implantar o defensivo genérico no Brasil e criar uma nova política de crédito para o setor, com atenção especial aos médios produtores.