O fato de o PSDB ter errado barbaramente no modo como definiu a candidatura de Álvaro Dias para vice na chapa de José Serra não deve esconder uma questão óbvia: é uma opção que agrega voto — e muitos.
E que, em caso de rompimento, provocaria o efeito contrário: teria potencial até para tirar votos antes assegurados.
O cenário é óbvio.
Só não vê quem não quer — e parte do jornalismo político não quer.
Sem Álvaro Dias na chapa, Osmar, o irmão, candidata-se ao governo na coligação apoiada pela petista Dilma Rousseff.
Roberto Requião passaria a apoiá-lo, claro, porque teria um competidor a menos — e de muito peso — na disputa pelo Senado.
Os tucanos estimam que o, chamarei assim, “acordo do Paraná” pode agregar algo como 1,5 milhão de votos.
Numa disputa que tende a ser acirrada, pode ser a diferença entre a vitória e a derrota.
No caso de Osmar disputar o Senado, sem confrontar o irmão, o candidato do lulismo no Paraná será o governador Orlando Pessuti, uma opção bastante magra quando se pensa no adversário tucano, Beto Richa, que teria, então, o apoio dos irmãos Dias — estando um deles na chapa de Serra como vice, num estado onde o tucano lidera.
Pessuti e o ex-governador Roberto Requião não vivem em lua-de-mel.
A chapa tucana poderia atrair o ex-governador, que tenderia a buscar uma dobradinha com Osmar.
Vamos imaginar, por hipótese, que aconteça o que os incendiários do DEM estão querendo: a chapa tucana vai colher os efeitos negativos no Paraná e, evidentemente, vai tomar pancada de todo lado — inclusive de nobres colunistas que, Oh!
Que surpreendente!, estão caindo momentaneamente de amores pelo DEM.
Se desfeita a aliança, os xiitas vão ver que papel lhes relegará o mesmo jornalismo que os torna, agora, protagonistas.
O processo foi ruim?
Foi.
Mas fazer, agora, o que querem alguns extremistas do DEM significaria, na prática, jogar votos pela janela.
Por Reinaldo Azevedo, em seu blog