Por Fábio Amato, da Folha.com.br O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) disse nesta segunda-feira que apontar culpados não ajuda a resolver problemas provocados pela chuva no país, como o ocorrido em Alagoas e em Pernambuco e que deixou pelo menos 54 mortos. “Numa fatalidade como essa, aquelas pessoas que querem ajudar e resolver os problemas não têm que ficar procurando culpado.
Têm que ficar buscando quais são as ações que nós temos que tomar”, disse Padilha, após reunião em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a situação nos dois Estados.
De acordo com o ministro, entretanto, nas ações de reconstrução o governo federal pretende corrigir o que ele chamou de ’erros históricos’ que estão ligados à tragédia. “Certamente, ao enfrentar a situação de socorro, de emergência, no processo de reconstrução nós vamos corrigindo erros históricos.
Um deles é garantir que as casas das pessoas estejam localizadas em locais apropriados, onde a ocupação territorial nestes municípios esteja preocupada também com a segurança das pessoas e com a valorização inclusive dos próprios imóveis.” Reportagem publicada no sábado (26) pela Folha mostrou que um relatório do Ministério do Planejamento aponta que há “desarticulação” das ações do próprio governo federal no combate a inundações e alagamentos no Brasil.
O texto cita o fato de obras antienchente estarem espalhadas por ministérios, a precariedade dos bancos de dados, a falta de planos de segurança e a atuação da Defesa Civil, que privilegia a reação ao invés da prevenção.
Em sete anos e meio, o governo federal gastou mais com reconstrução e assistência às vítimas (R$ 5,8 bilhões) do que com prevenção (R$ 1,1 bilhão).
Além disso, Alagoas e Pernambuco têm sistemas falhos de prevenção de enchentes, que incluem a falta de radares meteorológicos e de equipes de Defesa Civil nas cidades.
A secretária nacional de Defesa Civil, Ivone Valente, reconheceu a falta de integração dos programas do governo. “Não tem o que discordar, é uma constatação”, disse ela.
Padilha admitiu que o Brasil vem enfrentando “um quadro de repetição das situações de calamidade e enchentes.” Mas apontou que, além do governo federal, Estados e municípios também precisam ‘aprimorar’ suas ações de prevenção desses problemas.
De acordo com ele, o governo federal vai investir R$ 3 bilhões em obras de drenagem por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).