Por Daniel Guedes Do Blog de Jamildo Apesar dos destroços, da lama e do mau cheiro insuportável, Barreiros tinha, nesta sexta-feira (25) um ar diferente depois de todo o caos causado pelas fortes chuvas das últimas semanas.

Não era difícil encontrar camisas amarelas pelas ruas da cidade da Zona da Mata.

O pedreiro Ivaldécio Braga da Silva, 38 anos, perdeu tudo que tinha.

Com os pés sujos de lama, encontrou no jogo Brasil x Portugal uma oportunidade de afastar o drama da cabeça. “Fico andando pela cidade para não pensar na vida, porque se pensar vou endoidar.

Parar para assistir ao jogo é uma distração”.

No bar onde parou, Ivaldécio não estava só.

Todas as dez mesas estavam lotadas.

As janelas da casa viraram camarotes para uma multidão que se espremia para conseguir enxergar uma das duas televisões.

Com 50% da cidade ainda sem energia, o bar era uma das melhores opções.

O estudante Albert Santos se produziu todo para a partida.

Camisa do Brasil, boné verde e amarelo e bermuda azul. “Minha casa está sem energia, então vim para cá aproveitar que o bar tem luz e antena parabólica”, explicou.

Pegando carona num caminhão trator ou carro-pipa, chega-se ao Hospital de Campanha da Aeronáutica.

Por lá, um grupo de dez médicos e técnicos aproveitou o baixo movimento no início do jogo para acompanhar pelo menos os primeiros momentos da partida.

Dentro de uma das barracas, ligaram o notebook com modem portátil e acompanharam tudo pela Internet. É bem verdade que várias pessoas acumulavam perdas e angústias demais para acompanhar o jogo.

Mas, para muita gente, apesar do empate em 0x0, a seleção garantiu 90 minutos longe da dura realidade.