Fotos: Bobby Fabisak (JC Imagem) / Daniel Guedes (Blog de Jamildo) Por Daniel Guedes O mato compactado pela força da água nas margens do Rio Sirinhaém que víamos no meio do caminho não era nem um terço da destruição que encontraríamos pouco mais adiante, ao chegar em Cortês, cidadezinha de 11.616 habitantes, a 149 quilômetros do Recife.
O Centro do município foi varrido.
Ao tentar retomar seu espaço, a natureza levou o que encontrou pela frente: casas, comércios, árvores, carros…
Da igreja presbiteriana, restou uma única parede.
Da padaria, sobrou apenas o forno industrial.
Ele estava lá, largado num monte de tijolos que um dia já foi uma cozinha. » VEJA A COBERTURA COMPLETA DAS CHUVAS EM PERNAMBUCO O prédio da Câmara Municipal está pela metade e o pedaço que restou se encontra coberto por água e lama.
Papéis que deveriam ser importantes são apenas mais um item do lixo que os tratores recolhem e jogam em caçambas.
Os caminhões que saem da cidade carregados de destroços levam - sem querer, mas sem poder evitar - um pouquinho da história de cada um.
Que bebê usava aquele sapatinho?
De quem era o brinquedo, o ar condicionado, o guarda-roupa?
Ninguém sabe.
Já não importa.
Os carros também foram arrastados.
A porta da casa teima em ficar em pé, mas já não impede a entrada ou a saída de quem quer que seja.
No supermercado do irmão de Gersan Neves, a perda foi total.
Os funcionários que não sabem quando terão emprego novamente passaram o domingo tirando a lama e tentando, em vão, ver o que era possível aproveitar.
O que a água não levou saqueadores se encarregaram de buscar.
Desespero de quem depende da ajuda de cidades vizinhas para ter o que comer.
A cheia do Rio Sirinhaém deixou apenas o fundamental para um recomeço: a esperança. É justamente este sentimento que sustenta o comerciante Elias Ferreira da Silva.
A casa em que morava com a sogra, a mulher, o cunhado, a irmã e a sobrinha de 4 anos sequer estava pronta e foi arrastada pela correnteza.
Os R$ 100 mil que ele diz ter investido chegam a não ter importância diante da reação da menina, Yasmim Vitória, diante dos destroços.
Ao ver o que aconteceu com o lugar onde vivia e brincava, não tinha como se portar de maneira diferente: “Meu Deus, minha casinha!”. » Veja como ajudar os desabrigados