Do G1, JB Online e Estadão.com O escritor português José Saramago morreu aos 87 anos em sua casa em Lanzarota, nas Ilhas Canárias, nesta sexta-feira.

Um dos maiores nomes da literatura contemporânea e vencedor de um prêmio Nobel de Literatura no ano de 1998, Saramago nasceu em 16 de novembro de 1922.

Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa.

O escritor é considerado ainda o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.

Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, era membro do Partido Comunista Português e foi diretor do jornal Diário de Notícias.

Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC).

Saramago não se furtava a emitir opiniões, seja em seus livros, seja em entrevistas.

Em 2008, afirmou que era um “comunista hormonal”.

Ao mesmo tempo, desferia duras críticas à esquerda, que “não pensa nem atua”, segundo declaração dele do mesmo ano.

Vão-se as polêmicas, fica a obra.

Saramago era um autor prolífico.

Além de romances, publicou diários, contos, peças, crônicas e poemas.

Ainda em 2009, lançou mais um livro, “Caim”.

O crítico Harold Bloom qualificou-o como “o escritor de romances mais dotado de talento dos que seguem com vida, um dos últimos titãs de um gênero em vias de extinção”.

A citação consta do prefácio de “O Caderno”, assinado pelo italiano Umberto Eco, reproduzido pelo site do jornal espanhol “El País”.

O autor era tido como o criador de um dos universos literários mais pessoais e sólidos do século XX e uniu a atividade de escritor com a de homem crítico da sociedade, denunciando injustiças e se pronunciando sobre conflitos políticos de sua época.

Entre seus livros mais conhecidos estão “O evangelho segundo Jesus Cristo”, “A balsa de pedra” e “A viagem do elefante”.

Seus livros são marcados pelos períodos longos e pela pontuação em muitos momentos quase inexistente.

Os artifícios formais são vistos como verdadeira barreira para vários leitores, mas outros se encantam com a fluidez de seus textos, sempre entremeados por reflexões fortemente humanistas.

O seu livro Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness, em inglês) foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles.

Em 2010, o diretor português António Ferreira adaptou um conto retirado do livro “Objecto Quase”, conto esse que viria dar nome ao filme Embargo, uma produção portuguesa em co-produção com o Brasil e Espanha.