Noeli Menezes e Rubens valente da Folha de São Paulo O delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo das Graças Sousa disse nesta quinta-feira, em depoimento no Congresso, que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. afirmou ter “dois tiros fatais” contra o candidato tucano à Presidência, José Serra.

A afirmação teria sido feita durante reunião em abril, em um restaurante em Brasília, durante a qual foi sondado para investigar Serra, de acordo com o delegado.

Amaury e a campanha de Dilma negam que ele seja integrante do comitê petista.

Segundo Onézimo, o convite para a reunião lhe foi feito em nome do ex-prefeito Fernando Pimentel (PT-MG).

Ele afirmou, no entanto, que foi recebido por três supostos emissários do petista: Amaury, Luiz Lanzetta –que era encarregado da área de imprensa da pré-campanha– e Benedito de Oliveira Neto. “Se usaram o nome de Pimentel indevidamente, não é de minha responsabilidade.

Um deles, o jornalista Amaury, me falou que tinha conseguido dois tiros fatais contra Serra, mas não me interessei no assunto.

Não quis saber detalhes.” O ex-delegado sugeriu que um dos “tiros fatais” envolvia informações sobre a filha do candidato tucano, Verônica.

Ele disse que, inicialmente, lhe foi proposto R$ 1,6 milhão para prestar serviços de consultoria de segurança da casa do comitê petista por dez meses. “Usaram a expressão ‘fogo amigo’, dizendo que estavam tendo muitos problemas com vazamento de informações da casa por parte dos próprios integrantes do comitê.” O ex-delegado afirmou que ouviu dos interlocutores que o “fogo amigo” estaria partindo de Valdemir Garreta e Rui Falcão, ex-secretários de Marta Suplicy (PT-SP).

Sendo assim, seriam alvos da investigação.

Ele disse que, no decorrer da reunião sobre o serviço de segurança, recebeu a segunda proposta, “que considerei indecente, que seria fazer um dossiê sobre o candidato concorrente, o sr.

José Serra”. “Reagi com indignação e disse: ‘Vocês querem editar o aloprado dois?’ Plagiando a expressão usada pelo presidente Lula no episódio de 2006.

Eu não aceitei e não voltei mais a falar com essas pessoas.” Onézimo deu indicações de que gravou o encontro com os integrantes do comitê petista.

Mas evitou ser incisivo, dizendo que isso seria objeto de sua defesa caso seja processado.