Por Terezinha Nunes Está sendo desmentido pelos fatos, antes mesmo de ganhar a confiança da opinião pública, o slogan do Governo Eduardo Campos de que “2010 é o ano da saúde”.

Com uma visão excessivamente estreita do que é a saúde, o Governo tem investido o que pode em novos hospitais que dão mídia e imagens para o programa eleitoral e esquecido as atenções básicas de saúde.

As que têm a ver diretamente com toda a população, sobretudo os mais pobres, e não somente dos que comparecem, já doentes, aos hospitais públicos.

Refiro-me à verdadeira calamidade que se observa neste momento em todo o estado no que se refere à epidemia de dengue.

Por falta de cuidados, de atenção, de planejamento, aumentaram em 321% os casos de dengue em Pernambuco se comparado o ano de 2010 com o ano de 2009.

A epidemia se alastra de tal forma que, com a mesma intensidade, se estende da capital para o interior do Estado.

Ataca desde Petrolina a Recife, passando por Caruaru - recorde no número de pessoas atingidas - e por todas as demais grandes cidades pernambucanas.

No caso de Caruaru, com 3.522 casos até agora, há que se alertar para o perigo de isso vir ocorrendo no momento das festas juninas quando milhares de pessoas se deslocam para aquela cidade.

O que houve?

O que está havendo?

Onde está a Secretaria de Saúde do Estado?

O que se diz?

Neste momento, todos se escondem, como se fosse possível jogar para debaixo do tapete a responsabilidade da falta de providências em tempo oportuno.

E não é só um aumento de casos, a gravidade também é preocupante.

Foram notificadas 24 mortes por suspeita de dengue.

Já são 138 notificações de suspeita da variação mais grave da doença, sendo 18 casos confirmados.

No ano passado, foram apenas oito casos suspeitos e dois confirmados.

Conforme a própria Secretaria da Saúde, existe alto risco de contrair a doença em 80 municípios e duas cidades estão em situação de epidemia: Quixaba e Afogados da Ingazeira, cidades sertanejas, onde sequer teve inverno esse ano.

A situação é considerada atípica para o mês em Pernambuco, onde, historicamente, há um aumento no número de casos em março, pico em abril e início do declínio em maio.

Agora, estamos no pico em junho.

Em entrevista à imprensa, a gerente de Controle de Zoonoses e Outras Endemias da Secretaria Estadual de Saúde, Nara Arruda, culpou, além das chuvas intermitentes, a morosidade na identificação do problema e na adoção de estratégias de controle por parte das gestões municipais, a quem, registrou ela, cabe o encargo.

Quer dizer que o Estado não tem nada a ver com isso?

Que seu único papel é fazer publicidade dizendo que a dengue mata?

Não, senhor presidente.

O Estado tem responsabilidade como coordenador da política de saúde.

E deveria, no momento oportuno, ter chamado os municípios, fiscalizado, tomado providências.

Os números são alarmantes.

Depois de Caruaru, com 3.522 casos, temos o Recife com 2.276; Petrolina, com 1.563; Salgueiro, 1.528; Jaboatão dos Guararapes, 763; Ouricuri, 619; Arcoverde, 382; Quixaba, uma pequena cidade do interior, com 361 casos; Cabo de Santo Agostinho, 267; e Garanhuns, 262.

Esses são os números mais importantes da notificação de dengue liberados pela SES. É preciso urgência nas medidas.

Que a Secretaria reúna os municípios e tome providências conjuntas, para que não venhamos a ter aumentos ainda maiores desses casos no inverno.

PS: Terezinha Nunes é deputada estadual pelo PSDB