Por Janguiê Diniz* Os aposentados e beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que ganham mais do que um salário mínimo, em todo o País, esperam por uma resposta do presidente Lula sobre o reajuste de 7,7%.

A medida foi aprovada no Congresso Nacional em maio, apesar de contrariar a decisão do governo, que defendia um percentual menor.

Mas até receber a aprovação do presidente, muita polêmica ainda tomará conta do tema.

O assunto parece sofrer um grande impasse no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória do Governo Federal, uma vez que o anúncio sobre o texto foi adiado.

O motivo do silêncio do presidente não está apenas nas afirmações dos ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Guido Mantega (Fazenda), que garantem que o aumento não cabe no orçamento da União, mas a demora da decisão de Lula vai além.

Trata-se da questão “ano eleitoral”.

Sim, sancionar a medida provisória pode esbarrar no comprometimento da política fiscal e gerar um mal estar na economia nacional, que se encontra em uma boa fase de crescimento, apesar da crise financeira que abalou o mundo no fim de 2008.

Mas a não aprovação da medida implicará em mais insatisfações por parte de uma boa parcela de eleitores brasileiros: cerca de 25 milhões que se encontram nesta situação.

O governo certamente terá um grande problema para administrar, aprovando ou não o reajuste.

Integrantes da base aliada do governo desobedeceram à orientação para barrar a MP nos plenários do Congresso.

Agora a decisão está nas mãos do presidente.

O aumento não é concedido há pelo menos 15 anos, quando os incrementos ficaram sempre inferiores à variação do salário mínimo.

Mas o governo fez as contas e o pacote de bondades custaria à Previdência mais de R$ 76 bilhões por ano.

A Fazenda assegura que não há mais possibilidades de conceder novos benefícios além dos já estabelecidos, uma vez que os aposentados conquistaram a edição de uma medida provisória assegurando um abono de 6,14%.

No entanto, o assunto é complexo.

Uma aprovação pode sair caro para os cofres públicos, mas o puro e simples veto pode impor ao presidente Lula um desgaste que afetaria invariavelmente a candidatura de Dilma Rousseff, a indicada do PT, partido do governo.

Por isso tanta polêmica.

Face a isso o governo ainda não diz que sim, nem que não.

E é por isso que os aposentados brasileiros ficarão mais uma vez sem resposta, até que se encontre uma maneira não necessariamente que os agrade, mas que tornem viáveis as intenções eleitorais. *Janguiê Diniz é fundador do Grupo Ser Educacional