Por Anatólio Julião* A julgar pelo noticiário político dos últimos dias o governo de Eduardo Campos está funhanhado, fazendo jus ao bisonho neologismo cunhado pela Sra.

Dilma Rousseff, candidata petista à presidência da República Federativa do Brasil, ao referir-se a governos anteriores.

Segundo pesquisadores filólogos, o neologismo introduzido pela Sra.

Dilma Rousseff poderia ter como raiz etimológica o verbete funho, este sim registrado em alguns léxicos, que significa furúnculo, a popular “cabeça de prego”.

Se o termo pôde ser usado com desenvoltura por aquela que aspira a governar os destinos da Nação Brasileira pelos próximos quatro anos, ao referir-se a governos passados, pensei ser justo, à luz do noticiário político local nos últimos dias, aplicá-lo também para descrever a situação do presente governo do Sr.

Eduardo Campos.

O primeiro funho que brotou, dolorosamente, sobre o organismo do governo Eduardo Campos abateu em pleno vôo o jovem e traquino Secretário de Turismo, Silvinho Costa, filhote do deputado federal, Sílvio Costa, aquele escalado pela administração “socialista” para agredir verbalmente o Senador Jarbas Vasconcelos, na Câmara Federal.

Shows fantasmas, dilapidação de recursos públicos para beneficiar políticos interioranos adesistas, corrupção generalizada na EMPETUR e na própria Secretaria de Turismo, mandaram Silvinho Costa de volta, às pressas, para a Assembléia Legislativa, e, às lágrimas, o velho professor Sílvio Costa.

Sua excelência o governador, fez de conta que a Secretaria de Turismo e a EMPETUR não fazem parte do seu governo e engoliu silenciosamente o caroço sem fazer careta.

O segundo funho, ou “cabeça de prego”, estourou agora, quente e doloroso, sobre o já contaminado organismo do governo estadual, quando a muito mais experiente Luciana Azevedo, após distribuir, em suas próprias palavras, “mamatinhas” e “presentinhos”, através de empresas laranja, por mais de três anos, no valor espantoso de quase setenta milhões de reais, se auto-denuncia publicamente, mostrando que em caso de incêndio quebra o vidro, e que está disposta a arrastar consigo, numa eventual queda, todo o Poder Legislativo e ao próprio governador.

Acuado pelos acontecimentos, sua excelência decidiu manter no cargo a devotada e generosíssima servidora e, valendo-se de ameaças veladas, pediu arrego à oposição.

O silêncio sobre os detalhes das “tenebrosas transações” foi adotado mais uma vez.

O silêncio como tática política para minimizar os estragos do debate público de assuntos polêmicos, tem sido sempre amplamente utilizado na política.

Acontece que, como no caso da CHESF, o silêncio é também capaz de deixar seqüelas profundas quando entendidos pela opinião pública como omissão, leniência ou cumplicidade.

Penso que solicitada a avaliar, com sinceridade, a atual administração estadual à luz desses acontecimentos, a ilustrada candidata do PT à presidência da República, Sra.

Dilma Roussef, valendo-se do seu vasto vocabulário, teria de reconhecer entre dentes: “É, ao que parece, o governo Eduardo Campos está mesmo funhanhado”. *Anatólio Julião é sociólogo