O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, começou seu discurso falando sobre democracia e criticou, sem citar nomes, a postura do governo Lula em relação a países governados por ditadores. “Acredito nos direitos humanos, dentro do Brasil e no mundo.
Não devemos elogiar continuamente ditadores em todos os cantos do planeta, só porque são aliados eventuais do partido de governo.
Não concordo com a repressão violenta das idéias, a tortura, o encarceramento por ideologia, o esmagamento de quem pensa diferente”, discursou Serra.
O tucano também afagou a imprensa, constantemente criticada pelo governo. “Acredito na liberdade de imprensa, que não deve ser intimidada, pressionada pelo governo, ou patrulhada por partidos e movimentos organizados que só representam a si próprios, financiados pelo aparelho estatal.
Não aceito patrulha de idéias – nem azul, nem vermelha.
A sociedade é multicolorida, multifacetada, plural.
E assim deve ser”.
Serra também disse apoiar organizações de trabalhadores, mas condenou o oportunismo de algumas delas. “Acredito na liberdade de organização social, que trabalhadores e setores da sociedade se agrupem para defender interesses legítimos, não para que suas entidades sirvam como correia de transmissão de esquemas de Poder.
Organizações pelegas e sustentadas com dinheiro público devem ser vistas como de fato são: anomalias”.
Usando a referência do rei Luis 14, que governou a França no século 17 e entrou na história por acreditar que ele era o próprio Estado, Serra criticou diretamente o presidente Luis Inácio Lula da Silva. “O tempo dos chefes de governo que acreditavam personificar o Estado ficou pra trás há mais de 300 anos.
Luis XIV achava que o estado era ele.
Nas democracias e no Brasil, não há lugar para luíses assim”.
Serra defendeu ainda o papel da oposição na política. “Acredito que a oposição deve ser considerada como competidora, adversária, e não como inimiga da pátria.
E, num regime democrático, jamais deve ser intimidada e sofrer tentativa de aniquilação pelo uso maciço do aparelho e das finanças do Estado”.
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