Lucas de Abreu Maia - O Estado de S.Paulo Ele esteve presente em reuniões do PV e contribuiu em comerciais do partido, mas Fernando Meirelles, um dos mais admirados cineastas brasileiros da atualidade, prefere se classificar como “colaborador/amigo” da presidenciável Marina Silva.

Em entrevista por e-mail ao Estado, ele contou que não deverá participar diretamente dos programas de TV da candidata, mas avisa que eles terão de ser “muito criativos” para compensar o breve minuto do horário eleitoral.

Entusiasta das propostas de Marina para a educação, disse estar “entre os 25% que não acham o governo Lula nem ótimo nem bom”.

E sugeriu: “No mundo ideal, eu poria Marina presidenta e Serra e Dilma no seu ministério”.

O que o levou a se envolver na campanha de Marina?

Não estou envolvido, sou apenas um colaborador/amigo.

Talvez por não estar rodeada por grupos com interesses diversos, ela tenha uma visão mais ampla do Brasil e da civilização, não um projeto de poder.

O que mais me encanta é ouvi-la falar sobre educação.

Coisas como: “A escola de hoje é muito chata, assim os alunos não aprendem, não se interessam”.

Ela vê a escola como um lugar onde os alunos precisam aprender e não como uma estatística de quantos por cento frequentam o lugar.

Aliás, eu faço parte dos 25% que não acham o governo Lula nem ótimo e nem bom, justamente por conhecer uma garotada de 12 ou 13 anos que entrou na escola nestes dois últimos mandatos e não consegue entender um texto básico nem escrever uma linha sem dois ou três erros. É escandaloso, mas nosso simpático presidente não é cobrado por isso.

As escolas brasileiras estão criando candidatos ao Bolsa-Família do futuro.

Será essa a ideia?

Lembro que o José Serra está introduzindo o sistema de remuneração de professores por mérito em São Paulo e está sendo bombardeado por sindicatos-pelegos.

Mas parece ser uma luz no fim do túnel.

Até que ponto vai sua participação na campanha?

Cheguei a fazer dois comerciais, mas não me envolverei nos programas de TV.

Minha sensação é que entre diretores, atores e músicos amigos a Marina levaria no primeiro turno.

Permita-me contar um pequeno episódio: na véspera do lançamento da candidatura do Guilherme Leal a vice, a Marina convidou amigos para uma reunião.

Eu fui e confesso que fiquei bastante tocado.

Me ocorreu que aquele ótimo ambiente deveria ser mais ou menos o das primeiras reuniões do PT antes de ele virar o Frankenstein no qual se transformou.

Tem alguma ideia para o programa de TV?

Como ser eficiente em apenas um minuto?

Imagino que será preciso encontrar um caminho muito criativo.

Não haverá tempo para musiquinha, povo sorrindo e aquela patacoada toda que políticos acham que os espectadores gostam de ver.

O sr. irá à convenção do PV?

Mesmo se pudesse não iria, não tenho nenhum envolvimento com o PV.

Dali conheço apenas o Fábio Feldmann.