Do Jornal do Commercio O líder do governo na Assembleia, Isaltino Nascimento (PT), em entrevista à imprensa ontem, admitiu que a Fundarpe age regida por solicitações políticas e acusou deputados da oposição de se beneficiarem do esquema.
Segundo ele, alguns oposicionistas tiveram pedidos de apoios a eventos chancelados pela fundação através de alguma das empresas com endereços fantasmas. “Eles fazem indicações para atividades do São João, do Carnaval, Festa da Padroeira… (realizadas) através de diversas empresas, algumas delas apresentadas como irregulares”, acusou.
Isaltino não explicou como tomou conhecimento do assunto, a lista dos deputados da oposição beneficiados, nem as empresas “questionadas” que teriam operado a ação.
Deixou o assunto no ar. “São os principais que estão falando (sobre as denúncias da Fundarpe), todos eles têm indicação.
Perguntem a eles”, concluiu.
Após as declarações de Isaltino, um governista, que pediu reserva, entregou ao JC cópia de dois ofícios de 2008 e 2009 assinados pelo líder da oposição, Augusto Coutinho (DEM), solicitando à Fundarpe apoio financeiro para festas de São João em Belo Jardim (Agreste) e na comunidade Terra Nostra, no Recife, cujas despesas chegaram a R$ 150 mil.
Esse mesmo governista apresentou um documento apócrifo o qual aponta Coutinho como responsável por pedidos de liberação de recursos da Fundarpe entre 2004 e 2006 – no governo Jarbas Vasconcelos (PMDB) – que teriam chegado a R$ 1,2 milhão.
O destino desse dinheiro seria as entidades 3 de Agosto e 10 de Agosto, ambas sediadas no Recife.
Coutinho negou irregularidades e acusou Isaltino de tentativa de “intimidação”. “Pedir apoio a projetos nas bases (eleitorais) é legítimo e vou continuar fazendo.
São R$ 150 mil que pedi, mas eles não explicam R$ 62 milhões gastos com empresas suspeitas”, advertiu.
O parlamentar “desafiou” a Fundarpe e o líder do governo a revelar todos os deputados que pediram eventos e a abrir as contas das entidades.
O deputado propôs ainda a criação de uma CPI para investigar o caso. “Ele (Isaltino) está sendo leviano.
Recebi denúncias ligando empresas suspeitas a ele e à deputada Ana Arraes (mãe do governador Eduardo Campos), mas não denunciei por não ter provas.
Não sou leviano”, afirmou.
Na justificativa sobre o fato de não ter defendido a Fundarpe na tribuna, Isaltino afirmou que o tema não foi trazido para o plenário. “Até o presente momento isso não foi tratado.
Mas como está se tentando trabalhar um fato político-administrativo, as pessoas vão ter que se posicionar politicamente”, ressaltou.
Ele atribuiu as denúncias ao período eleitoral e declarou que Luciana Azevedo “é uma referência no Brasil inteiro”.
Desde o surgimento das denúncias envolvendo a Fundarpe, dois deputados governistas subiram à tribuna para comentar o fato: o presidente da Assembleia, Guilherme Uchoa (PDT), e André Campos (PT).
Nenhum deles defende a abertura à imprensa da documentação oficial relativa às denúncias.