Como dissemos mais cedo, a presidente da Fundarpe, Luciana Azevedo, concedeu entrevistas à Rádio Folha e à Rádio Olinda na manhã desta quarta-feira (9).

Confira agora um trecho da entrevista que ela deu à Rádio Olinda, no programa Show de Rádio, com Edvaldo Moraes: Pergunta: A Fundarpe pagou festa de Augusto Coutinho?

Foi nessa gestão ou na gestão passada?

Luciana Azevedo: Foi nessa gestão. É o cinismo.

A quadrilha não está dentro da Fundarpe não.

A quadrilha está fora da Fundarpe.

O que é que eles fazem?

Como Inaldo Sampaio disse desde o início, na rádio…

Ele disse ’eles estão deixando de aprovar projetos em favor do povo para extorquir do governo recursos para em nome da cultura desenvolverem eventos'.

Por isso que a população, às vezes, fica ‘oxente, como é?

Eles tinham votado contra e agora tá tudo a favor?’. É porque conseguiram projetos na área de cultura para poder então abençoarem ou segurarem algumas das suas bases.

P: Um deles é Augusto Coutinho.

Quem são os outros?

Luciana: Todos da oposição.

Terezinha Nunes também pediu.

Terezinha Nunes, a paladina da moralidade, que ninguém nem conhece quais são os trabalhos que ela fez para a população.

A gente sabe os trabalhos para o poder.

P: Ela solicitou essa verba para a Fundarpe e vocês liberaram?

Luciana: Não.

A de Terezinha Nunes a gente não liberou.

A de Augusto Coutinho a gente liberou.

P: O deputado tem direito de fazer esse pedido, Luciana?

Luciana: Não tem.

Bom.

Tem pela política anterior.

A política anterior era uma farra.

Tudo na Cultura..

Não se criava regras…

Tá o nosso prefeito do Recife (João da Costa) dizendo ‘faltam regras para a cultura’.

Isso é proposital.

Todo mundo sabe que é por ali onde saem os presentinhos pros deputados da oposição poderem aprovar os projetos em nome do povo, que o governador quer com seriedade implementar.

P: Os deputados da situação também são beneficiados?

Luciana: Até o dia que a gente criou a resolução número 5.

O que é a resolução número 5?

Em agosto, que nós conseguimos criar com o setor cultural.

Nós conseguimos criar com o setor cultural como se fosse uma lei da política pública de cultura, que define que as ações têm de ser fiscalizadas pelas comissões, que os projetos têm de passar pelas comissões, que os artistas têm que ter um edital público, uma convocatória.

Eles se inscrevem.

Desses artistas inscritos se faz uma seletiva pública.

Essa seletiva é que vai compor a grade dos polos do São João, dos polos do Carnaval, dos polos dos festivais que nesta gestão é coordenada pelo governo.

P: O Augusto Coutinho disse aqui que Aluísio Lessa, secretário especial do governador, e a própria Ana Arraes, deputada federal, mãe do governador, teriam feito também esses pedidos aí na Fundarpe.

Você confirma?

Luciana: Veja, o que eu posso é tentar levantar toda a lista.

P: A lista que você tem é dos deputados de oposição.

Não tem do restante?

Luciana: Não.

Tenho de quem está me acusando, dizendo que eu sou ladra.

P: Mas não tem essa acusação aqui.

Luciana: Tem sim. (Acusação de) que tô formando quadrilha.

Quadrilha quem forma é eles.

P: Pelo menos aqui ele não falou em quadrilha.

Luciana: Mas em várias e várias matérias de jornal, tá dizendo que é quadrilha.

Quadrilha era a gestão deles.

Eu construí 111 fóruns.

Tu sabe lá o que é isso?

Vinte e três mil pessoas construindo as regras de como deve ser a cultura para a gente tirar esse tipo de atiutude que não faz parte de um modelo democrático.

P: Essa denúncia de domingo, no Jornal do Commercio, há verdade naquilo?

Que empresas que receberam dinheiro funcionavam em bares, outras que não tinham dinheiro…

Chegou a esse ponto?

Luciana: Primeira coisa, tem de se ter a disposição para entender.

E não distorcer os fatos.

Certo?

Então, a gente faz uma convocatória, um edital.

Sabe o que é edital?

Concurso público.

Muito bem.

Se faz um edital para os artistas concorrerem.

Os artistas concorrem.

São feitas comissões de avaliação com representantes da Mata, do Agreste e do Sertão.

Porque eles faziam tudo na Região Metropolitana.

Nós não.

Levamos a cultura para o interior.

Nestas comissões eles fazem o ranking de quais os artistas que vão participar dos 17 polos do Carnaval coordenados pela Fundarpe.

Antes não era assim não.

Era distribuição de recursos para os amigos do rei, que eles queriam.

Vocês nem sabiam para onde ia esse recurso.

Nem sabiam.

Agora são polos.

Polos, discriminando os artistas que foram vencedores.

Pela lei - e já botei nota oficial, não lê quem não quer -, a lei 8666, que rege a política pública, os artistas podem ser representados por pessoas físicas ou pessoa jurídica.

Eles escolhem.

E majoritariamente só escolhem por pessoa jurídica.

Diz a lenda deles que quando é por pessoa física eles pagam 38%.

Então eles escolhem uma pessoa jurídica.

Hoje temos mais de 2.500 entidades inscritas na Fundarpe.

Eles escolhem e dão a essa entidade carta de exclusividade. É como se você passasse a procuração para sua esposa para receber o seu salário.

Mas é só para receber o salário.

Não contratamos empresa.

Contratamos o artista.

Luciana: No caso de Augusto Coutinho, ele manda dizer ’eu quero esta empresa’.

P: Ah, é?

Luciana: É.

Pode olhar.

Tá no jornal.

Ele indica qual é a empresa.

E são as empresas que mais faturaram na gestão passada. É tudo dentro da máfia.

Eles indicam.

P: Então é uma quadrilha que funcioanva…

Luciana: Era uma quadrilha que funcionava.

Funcionava e propositadamente não tinha lei.

Por isso que a classe artística, que é a alma de uma nação, é tão chafurdada o tempo todo. (…) Aquelas bandinhas que vêm de fora, que todo mundo acha engraçadinho, que chega e coisifica a mulher, que xinga, que coloca os palavrões que quiser, elas eram as majoritárias.

E sabe por que?

Porque elas faziam show aqui, iam embora e a fofoca não rolava.

Você não tinha acesso à informação.

E por trás disso tinha 10%, 20%, 30% sei lá para quem.

E nunca ninguém teve a coragem de denunciar isso daí.

Luciana: A partir de agora acabou a mamatinha.

Não tiveram não pro Carnaval não.

Pediram tudinho.

Tenho os pedidinhos todinhos.

Mas por que?

Por que já tinha a lei na mão. (…) Então, tu imagina os caras numa época de eleição, querendo agradar suas bases, tudo querendo fazer as festas de Carnaval, fazer o que eles quiserem e Luciana Azevedo, enquanto Fundarpe, com apoio do governo, disse não.

Disse não às festas de final de ano e disse não às festas do Carnaval.

P: Para os deputados de situação você também disse não?

Luciana: Disse não.

Tudinho.

Tudo.

Tudo, tudo, tudo.

Agora vai ser tudo regido pela resolução.

P: O DEM tá dizendo que propõe abrir a caixa preta.

Existe caixa preta nessa gestão ou é na gestão passada?

Luciana: Rapaz, deve ser da gestão passada.

Quem teve disso são eles.

Não fui eu.

Eu abro o que quiser para todos os órgãos de controle.