Da Época.com Uma pesquisa publicada nesta segunda-feira (7) na Pediatrics mostra que, em média, os filhos de casais de lésbicas têm menos problemas de autoestima e confiança, vão melhor na escola e têm menos risco de desenvolver distúrbios comportamentais, como agressividade.

O resultado surpreendeu os pesquisadores, Nanette Gartrell, professora de psiquiatria da Universidade da Califórnia, e Henry Bos, cientista comportamental da Universidade de Amsterdã, como descreve uma reportagem da Time.

Eles esperavam encontrar resultados semelhantes aos de pesquisas anteriores, que mostravam que a orientação sexual dos pais não influenciava o desenvolvimento e as relações sociais das crianças.

Mas acabaram notando que as crianças que haviam crescido em um lar lésbico, apenas com a mãe homossexual ou com a mãe e sua parceira, tinham melhores resultados em alguns quesitos do que aquelas criadas em lares heterossexuais.

O estudo de Gartrell e Bos acompanhou 84 famílias de lésbicas desde 1986.

As mães responderam a questões sobre os relacionamentos, o comportamento e o desempenho acadêmico de seus filhos em cinco vezes, em anos diferentes.

Os pesquisadores também entrevistaram as crianças quando elas completavam 10 anos e, quando tinham 17, elas também responderam a questionários sobre seus relacionamentos com os colegas e comportamento.

Crescer numa família diferente da tradicional não é exatamente fácil: 41% das crianças disseram ter sofrido algum tipo de discriminação por causa da situação.

Mas o peso do preconceito diminuía conforme as crianças cresciam.

Aos 17 anos, elas não eram mais estressadas do que os adolescentes criados em lares heterossexuais.

Os pesquisadores não entenderam muito o resultado da pesquisa – não estavam esperando encontrar qualquer diferença –, mas arriscam uma explicação. “As mães estão mais envolvidas nas vida das crianças”, disse Gatrell. “E isso é sempre uma boa receita para garantir um desenvolvimento saudável.

Estar presente, conversar sempre, ir à escola, ver o que está acontecendo por lá é muito, muito importante”. É muito cedo para tirar conclusões sobre o efeito da orientação sexual dos pais na criação dos filhos – poucas famílias foram estudadas e poucos estudos são de longo prazo, como esse.

Mas não deixa de ser interessante notar que a maioria das pesquisas não encontrou nenhuma diferença no desenvolvimento de crianças criadas em lares hétero e homo e que o estudo publicado hoje sugere até uma certa vantagem.

Lendo sobre a pesquisa me lembrei do caso de Munira Khalil El Ourra e Adriana Tito Maciel (foto), que tiveram gêmeos e lutavam para registrá-los no nome de ambas.

E da decisão do Superior Tribunal de Justiça, que reconheceu o direito de adoção para casais de mesmo sexo.

A Justiça e a ciência estão do lado dos pais de qualquer orientação sexual que sejam capazes de criar com amor e cuidado seus filhos naturais ou adotados.

Mas, ao que parece, uma boa parte população brasileira reluta em aceitar essas novas famílias.

Segundo uma pesquisa feita pelo Datafolha e divulgada no começo deste mês, 51% dos brasileiros acham que os gays não devem ter direito de adotar uma criança.

Qual a sua opinião sobre o assunto?

O que é preciso para criar uma criança feliz?

Ter pais heterossexuais é uma condição necessária?