Por Anatólio Julião* Se você fosse perguntado se concordaria com a permanência do PT no poder por, pelo menos, 20 anos ininterruptos, com seu ideólogo José Dirceu, mensaleiros, aloprados, vampiros, sanguessugas, líderes de centrais sindicais e outras organizações de classe totalmente aparelhadas e financiadas com recursos públicos, em aliança com políticos da estirpe de Collor, Sarney, Renan e Maluf, você muito provavelmente responderia que não, preocupado com a saúde da nossa jovem democracia e a sobrevivência do seu mais precioso corolário que é a alternância do poder.

Pois bem, muitos dos eleitores que, de boa fé, pensam em votar na Sra.

Dilma Roussef, para presidente da República, e no Senhor Eduardo Campos, para governador do Estado, em 03 de outubro próximo, provavelmente não tenham consciência de que ao fazê-lo estariam exatamente fortalecendo a perspectiva de perpetuação no poder do PT por, pelo menos, 20 anos ininterruptos.

Senão, vejamos: Lula ganhou a sua primeira eleição em 2002 e governou o País por 04 anos, até 2006.

Definamos este período como Lula(1).

Foi reeleito em 2006 e governará até dezembro de 2010, por mais 04 anos, quando entregará o poder ao seu sucessor, emergente das urnas em 03 de outro próximo.

Denominemos a este segundo mandato do Sr.

Presidente, Lula(2).

Caso a sua candidata, e do PT, Sra.

Dilma Roussef, venha a vencer as eleições, ela governaria o Brasil entre 2011 e 2014, ou seja, por mais 04 anos, período que designaremos como Dilma(1).

Em 2014, o Sr.

Lula da Silva, novamente apto para ser candidato, disputaria as eleições com altas probabilidades de ser eleito, considerando a enorme popularidade com que deixará o cargo no começo do ano que vem e o desgaste natural que a sua sucessora, artificial como uma boneca de cera e de personalidade intolerante e irritadiça, provavelmente sofrerá no transcurso do seu governo.

Eleito o Sr.

Lula, a partir de 2015, governaria novamente a Nação Brasileira por mais 04 anos.

Período ao qual nos referiremos como Lula(3).

Juntando os seus dons pessoais de bom comunicador, sobretudo junto aos mais humildes, com boa dose de populismo e demagogia; propugnando um desenvolvimento econômico e social que encontra, ainda, pouco respaldo nas estatísticas internacionais; com uma política externa de duvidosa qualidade para os interesses nacionais; e, cooptando, a dinheiro, ou mediante a chantagem ideológica, da argola no nariz, de uma suposta ideologia esquerdizante, provavelmente o Sr.

Presidente, concluiria esse novo mandato em condições de ser reeleito por mais 04 anos, portanto até 2018.

A este segundo mandato do segundo ciclo, denominaremos Lula(4).

Na hipótese de reeleição em 2014, o Sr.

Presidente, concluiria o seu segundo mandato em 2018, certamente puxando da cartola outro candidato a ser extraído, já então, do seu museu de cera particular, para apresentá-lo à sociedade brasileira como o único capaz de dar continuidade a sua grande obra como gestor.

Agora, façamos as contas: PTCRACIA = Lula(1) + Lula(2) + Dilma(1) + Lula(3) + Lula(4).

Portanto, PTCRACIA = 5(4 anos), ou PTCRACIA = 20 anos.

Mais sutil, o modelo escolhido pelo PT para perpetuar-se no poder por, pelo menos, 20 anos no Brasil, não segue, decerto, o modelo da hereditariedade, impingido aos norte-coreanos, com Kim Jong-Il, ou o da fraude eleitoral aplicada no Irã, de Ahmadinejad, ou o da simples ruptura constitucional, como os enfiados de goela abaixo a equatorianos e venezuelanos, com Rafael Correa e o tiranete Hugo Chávez.

Mas, a rationale dos processos, lá e cá, é a mesma: de forma mais ou menos sutil, transformar todos esses governos em verdadeiros feudos, a partir de cujos castelos medievais emanam todas as decisões às quais os povos devem se submeter silenciosa, obediente, cegamente.

A grande justificativa?

Só eles, - os novos faraós -, são donos das verdades capazes de promover a “felicidade” das grandes massas populares.

Nesse contexto, Eduardo Campos e Dilma Roussef são vetores conscientes do delírio de eternidade no poder, do qual os auto-proclamados líderes perpétuos desses povos não conseguem se livrar.

Votar neles significa dar uma parcela de contribuição para lançar o Brasil nessa aventura de, pelo menos, 20 anos de petismo, da qual, confesso, não tenho a menor idéia de como sairíamos como Nação.

Pense antes de votar! *Antólio Juliãoé sociólogo