Quem aportar na tarde deste sábado no Biruta Bar, na beira-mar de Brasília Teimosa, pode se preparar para a anarquia.

O Papa-figo, bastião da gréia na imprensa independente pernambucana, completa 25 anos.

Para marcar a efeméride, Manoel Bione, um dos fundadores e atualmente “proprietário, editor e office-boy” do jornal, ciceronea pinguços e mundiça no lançamento de uma publicação especial que reúne os 300 primeiros números do Papa.

O encontro começou ao meio-dia, mas vai até o último bêbado ir embora. “Acho que vou ficar lá até a quarta-feira”, brincou Bione em entrevista concedida ao blog regada a cerveja, conhaque e vinho.

Ou seja, ainda dá tempo de dar um pulinho lá.

Olha o convite: Antes semanário e hoje um jornal mensal, o Papa-figo começou em 1984 como fruto das inquietações anárquicas de Bione, do cartunista Ral e do jornalista e crítico musical do JC, José Teles.

Já teve programa na TV Jornal e hoje se prepara para entrar na internet, com o lançamento de um site (www.papafigo.com).

Durante esse tempo, arrumou muita confusão.

Em suas respectivas cadeiras-cativas do bar Frontal, no Centro do Recife, Teles e Bione contam algumas das broncas que o Papa-Figo arrumou por ai: Teles e Bione contam as desventuras do Papa-Figo Além desses casos, Bione lembra de outro, ocorrido em 1989.

Em uma coluna de perfil dos candidatos à presidência naquele ano, o Papa-Figo veio com um texto sobre Fernando Collor cujo título era “Collor, o candidato que cheira bem”.

O resultado foram perseguições de partidários do agora senador alagoano. “Olha, nós somos pessoas de Collor, se prepare que queremos ter uma consulta com o senhor!”, dizia a voz no telefone que ligava insistentemente para o consultório de Bione (o fundador do Papa também é médico).

Pior foi a manchete do Dia das Mães: “Salve a P… que pariu”.

Por azar, um enfermeiro distribuiu os jornais no hall de espera de um hospital que era anunciante. “Era gente vinda do interior, com o pé quebrado, lendo o jornal com aquele título.

Foi o maior alvoroço.

Ai o diretor do hospital pediu o cancelamento do anúncio na hora”, lembra Bione.

Nada disso impediu, contudo, que o Papa-Figo continuasse celebrando o humor.

Como influência, Bione cita o Barão de Itararé, fundador do jornal A Manha, nas décadas de 20 e 30, e pseudônimo do gaúcho Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly.

Eis algumas de suas máximas: “De onde menos se espera, daí é que não sai nada”; “Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos”; e “É mais fácil sustentar dez filhos que um vício”.

Hoje, o Papa-Figo conta com a colaboração de Ivan Pé-de-Mesa, Eva Gina dos Prazeres e Zeferino Cascagrossa da Silva.

Todos, segundo definição de Bione, criados a partir de sua mente, “que é meio doida”.

Ivan, “repórter especial e pau para toda obra”, foi inspirado em um garoto bem baixinho que já foi o faz-tudo (espécie de office-boy de microempresa) do Papa-Figo nos seus primórdios. “Até hoje ele tem orgulho de ser chamado de Ivan Pé-de-Mesa.

Virou um personagem”.

Eva Gina dos Prazeres, “secretária de cama, mesa e banho”, é “uma pessoa maravilhosa porque cuida muito bem do chefinho”.

Já Zeferino (ou melhor, Bione incorporando o personagem) concedeu entrevista para o blog na última quarta-feira.

O colaborador é natural de Caetés, no Agreste pernambucano, e como todo mundo da cidade é primo do presidente Lula.

Foi nomeado assessor de esportes da Presidência e hoje é gandula das peladas na Granja do Torto. “Agente infiltrado no Planalto”, Zeferino teme a chegada de Dilma ao poder, pois ele acha que ela vai mudar o esporte de pelada para futebol americano.

A publicação especial com os 300 números do Papa-Figo será vendida na Livraria Cultura.

Além da compilação de fascículos do jornal, conta com pôsteres desenhados por MIguel Falcão (cartunista do JC), e um vídeo-documentário com depoimentos do humorista Falcão, Jomard Muniz de Brito e Jaguar.

O preço vai ficar entre R$ 90 e R$ 100.