Por Adriano Oliveira – Cientista Político No ano passado afirmei que o senador Sérgio Guerra não seria candidato ao Senado neste ano.

O favoritismo do governador Eduardo Campos na disputa pela reeleição possibilitaria a desistência de Guerra.

A não ser que Campos sinalizasse que o senador do PSDB teria o seu apoio.

Este último cenário, o qual não era improvável, não se realizou.

Portanto, Sérgio Guerra é candidato a deputado federal.

O quadro da disputa eleitoral em Pernambuco caracteriza-se pela presença de um governador bem avaliado candidato à reeleição – e com o apoio de Lula – versus Jarbas Vasconcelos.

Este cenário, no qual o resultado final configura-se ainda para mim como imprevisível, fez Sérgio Guerra desistir da reeleição.

Uma pergunta que incomoda, por isto ninguém a faz: qual será o papel do PSDB de Pernambuco na eleição local?

Imprevisível.

O PSDB não cobra dos seus prefeitos apoio a Jarbas.

O PSDB não briga por vaga na chapa de Jarbas.

Membros do PSDB nem sempre falam de Jarbas nos espaços virtuais, apesar de falarem de Serra.

A política tem mistérios.

E ela é dinâmica.

Por a política ser dinâmica, o PSDB pode anunciar amanhã que Bruno Araújo será o candidato ao Senado na chapa de Jarbas.

Ou que diante da possibilidade de Jarbas crescer eleitoralmente, prefeitos fazerem o caminho de volta.

Estas possibilidades existem.

Mas os momentos político e eleitoral me fazem supor que Jarbas partirá para a guerra sem o apoio total do PSDB.

Ora, político age a partir da expectativa de vitória. É esta expectativa de vitória que explica o comportamento do PSDB.

Saliento que se Eduardo Campos for reeleito, membros do PSDB não terão problemas em apoiar o seu governo.

Inclusive, é melhor para Eduardo Campos a vitória de Serra do que a de Dilma.

Vejam: caso Dilma vença a eleição, o PT continuará forte.

E o PSB continuará a reboque dele em nível nacional.

O PMDB deve ter espaço privilegiado. É imprevisível o desempenho de Dilma junto ao Congresso e ao PMDB.

Se o PSDB vencer, o PSB poderá ser um aliado de peso no Congresso Nacional, diante de um PMDB rachado em vários grupos e fragilizado.

Por conseqüência, Eduardo Campos, caso reeleito, poderá apoiar as ações de Serra e se articular para fazer parte da chapa do PSDB em 2014.

Neste caso, na chapa de Aécio ou Serra.

Mas Eduardo Campos também pode ser vice do PT em 2014?

Sim.

Contudo, o PT, historicamente, não mostra capacidade de diálogo.

Ao contrário de Lula.

Portanto, o PT pode procurar tentar inibir o crescimento do PSB.

Além disto, a disputa local de 2012 e 2014 não podem ser desconsideradas.

O PT tentará ter candidato em ambas as eleições.

E o PSB, caso, repito, Eduardo Campos seja reeleito, desejará ser sujeito principal em todas as disputas que virão.

Portanto, a vitória de Dilma fortalece o PT e poderá dificultar as aspirações de poder do governador Eduardo Campos.

Doutor Adriano Oliveira é Professor Adjunto do Departamento de Ciência Política (UFPE)