Por Adriano Oliveira* Neste momento, o quadro da disputa nacional e local já está claro.
Aécio Neves, como era esperado, não deseja, e certamente não será, vice de José Serra.
Nunca entendi o desejo do PSDB.
Pois, para mim, sempre estava claro que Aécio, na vice, não contribuiria fortemente para a vitória de Serra.
Se Aécio pode ser presidente, qual era a razão dele aceitar ser vice?
Nenhuma.
O mais adequado para o PSDB era ter buscado uma aliança com Marina.
No início deste ano sugeri isto em artigo.
Marina na chapa de Serra era a melhor estratégia para o PSDB, pois ela daria charme e discurso social à candidatura do PSDB.
Serra já definiu a sua estratégia para vencer a eleição.
Ele tentará convencer o eleitor de que a disputa é ele contra Dilma.
E não ele contra Dilma e Lula.
Por outro lado, Dilma deseja que a disputa tenha o seguinte quadro: Dilma e Lula versus FHC e Serra.
Este é o melhor cenário para Dilma.
Mas o pior para Serra.
O PSDB tem chances de vencer a eleição, caso o eleitor reconheça que a disputa deste ano é entre Serra e Dilma.
Pesquisa do Datafolha mostra que Serra é visto como o mais experiente por 64% dos eleitores e 45% o considera o mais preparado “para ser presidente, de modo geral”.
Portanto, Serra tem chances de vencer a disputa.
Em Pernambuco, neste instante, Eduardo Campos tem leve favoritismo na disputa contra Jarbas.
Mas a eleição tende a ser acirrada.
Os dados da última pesquisa do Instituto Mauricio de Nassau (IMN) mostram isto.
Tanto Campos como Jarbas possuem capital simbólico junto ao eleitor.
Portanto, não desprezo a possibilidade de crescimento de Jarbas – caso este tenha motivação na campanha e defina estratégias adequadas.
Neste momento, contudo, três questões dificultam a competitividade de Jarbas.
Primeiro: a indecisão do PSDB.
Ora, o PSDB desejou que Jarbas fosse candidato.
Portanto, qual é a razão do PSDB não fazer parte da chapa de Jarbas?
Bruno Araújo, caso tope disputar o Senado, é um nome competitivo e daria jovialidade à chapa do senador peemedebista.
Segundo: a disputa entre Jarbas e Eduardo precisa ser estadualizada, em razão da excelente avaliação que o presidente Lula tem no estado.
A nacionalização da campanha interessa a Eduardo Campos.
As circunstâncias não favorecem Jarbas caso ele opte por nacionalizar a disputa local.
Por fim, Jarbas terá pela frente a missão de desconstruir a boa avaliação que a administração do governador Eduardo Campos tem.
As pesquisas do IMN revelam que existe relação forte entre as variáveis “Boa administração” e “Intenção de votos”.
Do mesmo modo que não entendo a razão do PSDB de ainda não ter definido a participação na chapa de Jarbas, também não compreendo o motivo do governador Eduardo Campos não já ter dito claramente que os senadores da sua chapa são Humberto Costa e Armando Monteiro. É necessário, pelo menos, que Eduardo Campos diga que o senador da sua chapa será aquele que o PT definir, ou melhor, que já definiu.
Doutor Adriano Oliveira é Professor Adjunto do Departamento de Ciência Política (UFPE)Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral (UFPE)