Por Sérgio Montenegro Filho, do Jornal do Commercio smontenegro@jc.com.br O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, ressuscitou ontem, no Recife, uma das mais antigas moedas de campanha no Nordeste: a Sudene.

Nas últimas campanhas presidenciais a entidade sempre fez parte da lista de promessas, fosse de candidatos tucanos, petistas ou de qualquer outro partido.

Contraditoriamente, a Sudene ganharia ainda mais força eleitoral após ser extinta, em 2001, em meio a uma pesada nuvem de corrupção.

O curioso é que, embora a ordem de extinção tenha sido dada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – que nas campanhas de 1994 e 1998 prometera revigorar a entidade –, na eleição seguinte (2002) seu candidato a sucessor, o tucano José Serra, assegurava que iria recriá-la.

Serra foi derrotado, mas o vencedor da disputa, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também trazia no seu programa de governo a recriação da Sudene.

Ao lado de servidores e militantes, o então candidato petista chegou a participar de um “abraço simbólico” ao prédio da autarquia.

Mesmo com raízes no Nordeste, e tendo sofrido na pele as agruras da seca e da falta de desenvolvimento da região, somente em 2007 Lula concretizaria a promessa.

Não sem antes, na campanha de 2006, utilizar novamente a Sudene como moeda eleitoral na briga pela reeleição.

Adversário derrotado naquele pleito, o tucano Geraldo Alckmin obviamente tinha na mala a proposta de recriação da entidade.

Promessa cumprida, a iniciativa de Lula deixou muito a desejar.

A Sudene de hoje carece de recursos, pessoal, planejamento e, sobretudo, da força política que experimentou no período entre 1959 – quando foi idealizada pelo economista Celso Furtado – e a redemocratização, em 1985.

Desde então, a autarquia começou a se desviar dos seus objetivos, viu seu conselho deliberativo se esvaziar politicamente e, ao lado da Sudam na Amazônia, protagonizou sucessivas denúncias de corrupção.