Eugênia Lopes e Ana Paula Scinocca, de O Estado de S.
Paulo O DEM dedicou na noite da última nesta quinta-feira, 27, o seu programa partidário inteiramente ao pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra.
Sem mencionar o partido de Serra e com o logotipo do Democratas ao fundo, uma forma de disfarçar campanha eleitoral fora de época, o tucano foi a estrela do programa, no qual aparece discursando no Encontro Nacional de Partidos (DEM/PSDB/PPS).
Trata-se do evento que o lançou à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 10 de abril.
Serra até citou o slogan de sua campanha, “O Brasil pode mais”.
Ao contrário do programa do PT, que há duas semanas comparou o atual governo e sua candidata Dilma Rousseff com o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Serra, o programa do DEM ontem evitou falar da candidata petista e de Lula.
Coube ao líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), tecer a única crítica direta ao atual governo. “A maior riqueza do Brasil é o povo brasileiro.
Gente pacífica, de coração generoso, onde cabe todo o tipo de sentimento, mas não o ódio.
Por isso, é triste ver o governo do PT usar o seu espaço de propaganda para semear a discórdia entre irmãos”, disse Agripino. “O truque pode até funcionar como marketing político, mas não vai fazer do Brasil, sem sombra de dúvida, um país melhor”, finalizou.
Em seguida à fala de Agripino, Serra aparece no papel de conciliador, discursando em prol da união da Nação. “Um governo deve procurar sempre unir a Nação.
De mim, ninguém deve esperar que estimule disputas de pobre contra ricos, ou de ricos contra pobres.
O Brasil é um todo.
Não aceito o raciocínio do nós contra eles”, disse o tucano, no discurso de lançamento de sua pré-candidatura. “Lutamos pela união dos brasileiros e não pela sua divisão.” Ao longo dos dez minutos de programa, o DEM tomou o cuidado de não dizer qual é o partido de Serra.
Aliás, em todas as legendas do programa, o tucano é tratado apenas de “Serra”.
E embaixo de seu nome, escrito: “Encontro Nacional de Partidos _ DEM/PSDB/PPS”.
Ao fundo, o logotipo do Democratas aparece em destaque durante grande parte do discurso do tucano.
Todas as cenas e falas de Serra são do encontro que reuniu os três partidos.
Com essas precauções, o DEM espera evitar ser punido pela Justiça Eleitoral, com a perda do programa partidário de 2011.
Ao usar seu programa para fazer campanha para a pré-candidata Dilma Rousseff, o PT foi punido com a perda de seu programa partidário do ano que vem.
Serra foi tratado durante o programa como estadista, com propostas para a área de meio ambiente, segurança e justiça.
De olho no apoio da pré-candidata do PV à presidência, Marina Silva, em um eventual segundo turno eleitoral, o tucano aparece no programa do DEM se comprometendo a tratar “com mais seriedade a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável”.
O tucano promete também “mais emprego, mais educação, mais segurança, mais saúde” para a população.
Sucessor de Serra, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, fez às vezes de apresentador em trechos do programa do DEM para enumerar as obras realizadas em sua gestão e com “a ajuda do governo do Estado”.
Além da construção de “dois novos hospitais” e da distribuição de “medicamentos de graça para quem mais precisa”, Kassab citou a criação de 11 escolas técnicas por todo o Estado.
Uma das obras mais importante da gestão de Serra à frente do governo de São Paulo, o Rodoanel teve papel de destaque no programa do DEM.
Foram apresentadas imagens da obra com depoimentos de operários que trabalharam na construção da rodovia que interliga dez estradas estaduais e federais.
Também é dado especial destaque ao fato de Serra, como parlamentar, ter sido o autor da emenda constitucional que criou o Fundo de Amparo ao Trabalho (FAT) que, segundo o próprio tucano, “permitiu criar o seguro desemprego que beneficia sete milhões de trabalhadores”.
O programa do DEM termina com a fala de encerramento de Serra no encontro de partidos. “Juntos vamos construir o Brasil que nós queremos: um Brasil mais justo, um Brasil mais generoso.
Olhando para frente, sem picuinhas, sem mesquinharias, e com a esperança no nosso futuro.
Vamos juntos, brasileiros e brasileiras, porque o Brasil pode mais, o Brasil conquistará mais.”