De Mario Cesar Carvalho, da Folha.com O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o futuro tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff e ex-prefeito de Diadema, José de Filippi Junior, a devolver valores que podem chegar a R$ 2,1 milhões para os cofres da prefeitura daquela cidade.
A decisão ocorreu pela contratação sem licitação do escritório do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh.
Filippi Jr. e Greenhalgh são do PT.
O escritório de Greenhalgh foi contratado pela Prefeitura de Diadema entre 1983 e 1996.
Defendeu só duas causas, segundo o Ministério Público, e ganhou cerca de R$ 2,1 milhões pela tarefa.
A prefeitura contava com 51 procuradores para defender os interesses da cidade, de acordo com a Promotoria.
O tesoureiro de Dilma foi condenado em duas decisões do TJ.
Na primeira delas, houve um voto a favor dele, o que tornou possível a reavaliação do caso.
No segundo julgamento, perdeu por 4 a 1.
O valor a ser devolvido será calculado só quando houver uma decisão definitiva sobre o caso.
O ex-prefeito pode recorrer da decisão.
O TJ também condenou Filippi Junior à perda dos direitos políticos por cinco anos.
A decisão não afeta a função que ele terá na campanha de Dilma.
Tesoureiro não é uma função pública.
Greenhalgh foi contratado sem licitação.
A prefeitura usou a figura da notória especialização para driblar a concorrência exigida por lei.
Para o TJ, o escritório não tem notória especialização. “A população de Diadema foi prejudicada.
Não pode escolher.
Não se levou em consideração o custo do contrato, mas fatores outros, cujos indícios são de proteção ou escolha baseada em critérios personalíssimos”, escreveu o desembargador Renato Nalini ao rejeitar os recursos.
Outro ex-prefeito de Diadema e um ex-vice também foram condenados: Gilson de Menezes e José Augusto da Silva Ramos.
Menezes, ex-ferramenteiro, foi o primeiro prefeito eleito pelo PT, em 1982.
Silva Ramos foi vice-prefeito de Diadema por duas vezes, era do PT e agora está no PSDB _é deputado.
A Folha não conseguiu encontrar José Filippi Junior para comentar a condenação do TJ.
A informação era de que ele está nos EUA, na Universidade Harvard.
Um e-mail enviado pela reportagem ficou sem resposta.
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, não quis comentar a condenação do futuro tesoureiro.
Disse que não conhecia o caso.
A Folha deixou recados na caixa posta do celular de Luiz Eduardo Greenhalgh, mas ele não ligou de volta.