O PSB fez festa no ano passado para receber o ex-governador Joaquim Francisco que tomou a radical decisão de abandonar o Democratas. À época, como mostra a reportagem abaixo, de Manoel Mediros Neto, do Jornal do Commercio, o partido de Eduardo Campos fez festa para o novo membro que vinha com o discurso “minha mudança de trincheira é uma mudança para continuar a luta.
Já dizia o velho Charles Chaplin: ‘o homem que não se atreve não obtém vitórias’”.
Com a decisão de Joaquim Francisco publicada hoje em seu blog, fica a pergunta: o que o PSB ganhou com a mudança?
Confira a matéria publicada no dia 11 de setembro de 2009: » RUMO A 2010 Palanque governista recepciona Joaquim Eduardo Campos reúne líderes de todos os partidos aliados no ato de formalização do ingresso do ex-governador ao PSB.
Joaquim, que abandonou o DEM, disse que muda para “continuar na luta” Manoel Medeiros Neto mmedeiros@jc.com.br Desafio, alternativa, avanço, renovação, mudança de trincheira.
Não faltaram definições do ex-governador Joaquim Francisco para caracterizar uma das mais radicais decisões políticas, senão a maior, já tomadas em sua trajetória: a saída do Democratas e a filiação ao PSB, oficializada, ontem, em festividade prestigiada por mais de 400 convidados, entre familiares e neocorreligionários, em um hotel no Pina. “Minha mudança de trincheira é uma mudança para continuar a luta.
Já dizia o velho Charles Chaplin: ‘o homem que não se atreve não obtém vitórias’”, afirmou.
Derrotado na eleição de 2006, quando tentou uma vaga na Câmara Federal pelo DEM – obteve 74.799 votos mas ficou na suplência -, Joaquim deixou para trás os anos de militância em torno da Arena, PDS, PFL, DEM e, em discurso empolgado, ressaltou a atuação do atual governador Eduardo Campos (PSB), antigo oponente. “A partir de agora, haverá várias oportunidades para que eu possa continuar dando minha modesta colaboração e desta forma estaremos construindo um novo Pernambuco, à frente o governador Eduardo Campos”.
Esforçando-se para explicar a mudança de lado político, Joaquim repetiu em seu discurso que é um homem “inquieto”. “Sou inquieto e gosto de avançar, de andar sintonizado com as novas conquistas do mundo (…) Nesses casos, os pernambucanos entendem não só o gesto do líder, mas também dos que fazem a travessia”, filosofou.
Presidente nacional do PSB, o governador Eduardo Campos também não economizou nos elogios. “Joaquim traz a sua experiência, a sua maturidade, sua vontade de ajudar Pernambuco, que vive um novo momento político e econômico, onde é extremamente necessário ir reconstruindo um pacto político”, ressaltou.
Sempre evocando a memória do seu pai, o “velho Zé Francisco” – contemporâneo do ex-governador Miguel Arraes –, Joaquim também citou em seu discurso o dia em que, junto com seu pai, encontrou Arraes assistindo a um discurso de Eduardo, “sobre caixotes de cerveja”. “Naquele ocasião, eu disse: ‘Esse caboclo é bom’.” O ato que marcou a filiação de Joaquim ao PSB também foi marcado pela presença de representantes dos partidos que dão sustentação política ao governo estadual.
Compuseram a mesa o presidente estadual do PSB, Milton Coelho, o secretário especial de Cultura do Estado, Ariano Suassuna, o presidente estadual do PT, Jorge Perez, o prefeito do Recife, João da Costa (PT), o vice-governador João Lyra Neto (PDT), o empresário Armando Monteiro Filho (PTB) e o presidente estadual do PCdoB, Alanir Cardoso.
Questionado se seu desembarque na legenda socialista teria relação com algum compromisso do grupo político em repassar bases eleitorais do ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro – que não disputará a reeleição à Câmara –, para facilitar sua eleição em 2010, Joaquim negou. “Eu realmente gostaria de ter um mandato, mas não é através desse processo de transferência de voto.
Eu acho que é muito difícil, até porque o meu eleitorado é predominantemente de região metropolitana”, respondeu.
Sentindo-se “abraçado” pelo PSB, Joaquim ressaltou que deixa amigos na “velha casa”.
Antes da saída, conversou com o presidente do DEM-PE, Mendonça Filho, e com o “amigo” e deputado federal Roberto Magalhães. “Não tive contato com o senador Maciel.” A esposa do novo aliado governista, Silvia Couceiro, também filiou-se ao PSB, mas disse que “política é com Joaquim, não pretendo ser candidata”.
Sem possibilidade de comparecer ao evento, a deputada federal Ana Arraes (PSB), mãe do governador, enviou uma carta, lida durante o ato. “O ano de 2010 nos espera”, escreveu.
No contexto da disputa, Joaquim mostrou-se empolgado: “Não gostamos de ficar em cima do muro. (…) Hoje, só não coloquei a camisa amarela, mas o PSB é amarelo e vermelho”, brincou, em referência à cor característica das suas campanhas eleitorais.