Roberto Almeida - O Estado de S.Paulo A participação de presidenciáveis em programas populares de rádio continua criando saias-justas.

Ontem, em São Paulo, foi a vez de a petista Dilma Rousseff cair em uma “armadilha” de ouvinte ao participar do Programa Paulo Barboza, da Rádio Record AM.

Maria Aparecida Sisto ligou para a rádio da Freguesia do Ó, na zona norte da cidade, para saber se Dilma mudaria as leis e “peitaria uma luta pela prisão perpétua para pedófilos”.

Em resposta, a petista disse “compartilhar da revolta” da ouvinte e afirmou, titubeante, que “dependendo da gravidade, tem crimes que podem ser passíveis de perpétua”.

A informação, equivocada, já que a condenação máxima no Brasil é de 30 anos, precisou ser corrigida no bloco seguinte em um “esclarecimento”.

Mas antes disso o tema rendeu ainda mais imbróglios.

Na continuação da resposta, Dilma não agradou à ouvinte.

A pré-candidata escolheu relativizar. “Agora tem de ver que crime, qual crime, porque, se você penalizar todas as gradações do crime de forma igual, você não foca naquilo que é o mal maior”, afirmou a petista. “Está satisfeita com a reposta?”, perguntou o apresentador. “Mais ou menos.

A minha pergunta é essa.

A senhora entraria de peito e alma e tentaria mudar algumas coisas?”, alfinetou Maria Aparecida. “Eu entro de peito aberto”, respondeu a petista, ao que a ouvinte emendou como sugestão “castrar todos os pedófilos”. “É melhor aí a punição penal que a punição física”, finalizou Dilma.

Esclarecimento.

Na entrada do bloco seguinte, a petista, orientada por assessores, interrompeu o apresentador para esclarecer sua declaração sobre a prisão perpétua e, em seguida, criticar a suavização de pena em casos de pedofilia. “Na verdade, no Brasil, qualquer condenação que vá por exemplo a 120, 130 anos, ela se reduz para 30 anos”, retificou a pré-candidata. “O que é sério no Brasil, eu acho, continuando minha resposta, não é a questão que ela colocou da prisão perpétua.

O que é sério é se um pedófilo vai ou não cumprir sua pena, ou vai ser liberado no caminho.”