Do G1, com agências internacionais A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, disse nesta quinta-feira (27) que os EUA e o Brasil têm “discordâncias muito sérias” a respeito do programa nuclear iraniano, apesar de a relação entre os países ser muito boa em outros temas. “Sem dúvida temos discordâncias muito sérias com a diplomacia do Brasil em relação ao Irã”, disse Hillary no Brookings Institution, em Washington, durante uma entrevista para apresentar a nova doutrina de segurança nacional do governo de Barack Obama, que descarta o termo “guerra ao terror”, mas deixa todas as opções na mesa para tratar com as questões de Irã e Coreia do Norte.

Segundo ela, as ações tomadas por países para ajudar a encontrar uma solução diplomática para a crise nuclear iraniana tornaram o mundo mais perigoso. “Achamos que dar tempo ao Irã, permitindo que o Irã evitasse a unidade internacional a respeito de seu programa nuclear, tornou o mundo mais perigoso, e não menos”, disse ela. » VEJA INFOGRÁFICO E FOTOS No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, também nesta quinta, ao lado do primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, que “isolamento e punição não levam ao entendimento”, ao falar do acordo intermeadiao por Brasil e Turquia há menos de 15 dias.

Segundo o presidente, é preciso ter “flexibilidade” para alcançar uma solução negociada com o Irã. “A Declaração de Teerã é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada.

Queremos superar dogmas e temores”, afirmou o presidente.

Lula disse que as Nações Unidas precisam passar por alterações. “As Nações Unidas requerem reformas para deixarem de ser sombra distoricia de um passado há muito superado”, afirmou.

Ele chamou a atenção para o fato de o Conselho de Segurança das Nações Unidas ser formado por países que possuem armamento nuclear.

Os países-membros permanentes do conselho são França, Estados Unidos, Reino Unido, China e Rússia. “Eu liguei para o [ presidente da França, Nicolas] Sarkozy e disse que no Conselho de Segurança da ONU se tivessem países sem arma nuclear a possibilidade de fazer um acordo seria maior”, declarou.

O primeiro-ministro turco defendeu que a comunidade internacional não aplique sanções ao Irã, como proposto pelos Estados Unidos e países europeus. “Se quisermos evitar a proliferação de armas nucleares temos que tomar vários passos.

Aqueles que não têm armas nucleares não devem desenvolvê-las, aqueles que têm, devem reduzir seus arsenais”, afirmou o primeiro-ministro turco.

Erdogan disse que após a assinatura do acordo escreveu cartas para 27 líderes mundiais defendendo as negociações com o Irã. “Temos responsabilidade com essa posição que nós assumimos e que levou a essa vitória diplomática.

Aqueles que criticam são invejosos.

O que fizemos era certo e trabalhamos aquilo que anteriormente foi exigido e esperado e o que nós conseguimos foi o produto desses esforços”, afirmou.