Angela Fernanda Belfort do Jornal do Commercio Os ventos estão trazendo investimentos significativos para o Nordeste.

Nos próximos dois anos, serão investidos R$ 7,2 bilhões em parques de geração eólica no Brasil, dos quais 72% estão na Região.

O que motivou a implantação desses empreendimentos foi a realização do leilão, em dezembro do ano passado, que comercializou cerca de 1,8 mil mil megawatts (MW) de energia eólica, os quais devem ser produzidos a partir de 2012.

A quantia corresponde a um acréscimo um pouco superior a 20% da energia consumida no Nordeste. “A energia eólica é um mercado em franca expansão e o Brasil despertou tarde para essa nova realidade”, diz o vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica, Everaldo Feitosa.

Ele também é presidente da Eólica Tecnologia, empresa pernambucana que já tem dois parques eólicos implantados no interior de Pernambuco (Macaparana e Gravatá) e vai construir mais dois empreendimentos, um no Lago de Sobradinho (na Bahia) para gerar 30 MW e outro no município de Guamaré, no Rio Grande do Norte, com a capacidade de produzir 151 MW.

Um dos fatores que está contribuindo para a implantação desse boom de empreendimentos eólicos é o preço dessa energia.

No último leilão, ele ficou, em média, em R$ 148 o megawatt-hora (MWh), unidade que mede o consumo. “A energia gerada pelas térmicas é o dobro do preço”, comenta Feitosa. “O Brasil tem um potencial de gerar 143 mil megawatts (MW) de energia eólica e grande parte disso está no Nordeste”, diz o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.

A EPE tem a função de indicar, ao governo, os empreendimentos que serão realizados para aumentar a oferta de energia no País.

Para o leitor ter uma ideia, o total citado por Tolmasquim corresponde a 14,3 vezes de todo o parque gerador da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf).

POLÊMICA Mesmo com o potencial energético dos ventos, a implantação de energia nuclear no Nordeste será necessária, segundo Tolmasquim. “A partir de 2025, vai começar a escassear as hidrelétricas em condições de serem construídas.

Vai precisar aumentar a participação de outro tipo de fonte e aí a energia nuclear é uma forte candidata”, argumenta, acrescentando que isso só não vai ocorrer, caso se descubra uma outra fonte nova de energia.

A intenção do governo é construir Angra III e depois mais quatro usinas nucleares, das quais duas provavelmente ficarão no Nordeste. “Não é possível haver somente a energia renovável num País do tamanho do Brasil, porque o ciclo da natureza não é o mesmo da necessidade humana e o vento pode faltar”, afirma o assessor da presidência da Eletronuclear, Leonam Guimarães, que defende a implantação de parques geradores de diferentes fontes para oferecer ao País a energia necessária para crescer.

O governo federal estima que há necessidade de um aumento de 4% ao ano na oferta de energia entre 2008 e 2030.