Por Kennedy Alencar da Folha Online Até aqui vinha bem a inteligente estratégia do tucano José Serra de dialogar com o eleitorado lulista.

Mas, no meio do caminho, apareceu o Datafolha.

A pesquisa presidencial realizada quinta e sexta, dias 20 e 21 de maio, mostrou subida de 7 pontos percentuais de Dilma Rousseff (PT) e queda de cinco pontos de Serra.

Agora, Dilma e Serra estão empatados com 37% de intenção de voto cada um.

Na pesquisa anterior, de 15 e 16 de abril, o tucano marcou 42%.

A petista, 30%.

Numa disputa polarizada, um tira voto diretamente do outro.

Marina Silva (PV) se manteve estável, com 12%.

A senadora do Acre, por ora, vê o jogo da arquibancada.

Serra deverá refletir sobre sua estratégia eleitoral daqui em diante. É verdade que há uma Copa do Mundo, que a fase decisiva começa com o horário eleitoral gratuito na segunda quinzena de agosto, que ainda tem muita para passar debaixo da ponte.

O tucano pode trilhar dois principais caminhos.

Continuar dialogando com o eleitorado lulista.

Elogiar o presidente, mas alfinetar a ex-ministra da Casa Civil.

E tentar se vender com melhor do que ela para governar o país na propaganda eleitoral de agosto e setembro.

Nessa linha, Serra esperaria mais um erro de Dilma do que realmente um grande acerto seu para vencer a eleição.

Mas também pode optar por uma desconstrução mais incisiva de Dilma.

Há tucanos e, sobretudo, aliados do DEM e do PPS que gostariam de uma campanha mais agressiva contra Lula e Dilma.

O problema é que Serra não tem como fazer isso sem atacar Lula, que voltou ao índice de popularidade recorde no Datafolha _76% de ótimo/bom.

Nessa trilha, o tucano correria mais risco de cometer erros, de levar o troco e de emagrecer eleitoralmente.

O Datafolha soterrou as análises de que nada aconteceria entre junho e julho por causa da Copa.

Em ondas, o eleitorado vai tomando gosto pela eleição, conhecendo os candidatos e fazendo suas escolhas _algumas mais sólidas, outras nem tanto.

Tem muita campanha pela frente, mas sobram indicadores de que a empreitada ficou mais difícil para o ex-governador de São Paulo.

Sustentável ou não?

Evidentemente, a recente propaganda na TV de Dilma com Lula vitaminou a subida da petista.

Serra terá a sua vez nas próximas semanas.

Uma ressalva: no horário eleitoral gratuito, haverá doses maciças colando Dilma a Lula.

Se o programa do PT na semana passada produziu a subida de Dilma e a queda de Serra, a propaganda diária na fase decisiva tende a ser desanimadora para o tucano.

Mau exemplo O presidente Lula foi multado pela quarta vez pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Uma multa pode ser descuido.

Duas, exagero.

Quatro são demais.

Lula está avançando o sinal.

E isso não é bom para a democracia.

A lei eleitoral tem falhas.

Há uma vácuo legal nesse período de pré-campanha.

Mas o presidente da República deve ser o primeiro a dar o exemplo de que é importante respeitar as leis.

Do contrário, deseduca e diminui sua figura e desvaloriza o bom governo que faz.