Do Blog de Josias de Souza O presidente dos EUA, Barack Obama enviou uma carta.
Chegou faz 15 dias.
Antes, portanto, da viagem de Lula a Teerã.
No texto, Obama faz menção à encrenca nuclear.
O governo brasileiro sustenta que o miolo do acordo celebrado com o Irã teve inspiração na carta.
A repórter Natuza Nery teve acesso a trechos da correspondência.
Num deles, Obama anotou: “Do nosso ponto de vista, uma decisão do Irã de enviar 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento para fora do país geraria confiança…” “…E diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano” de LEU [urânio levemente enriquecido na sigla em inglês].
O acordo de Teerã prevê a troca de urânio por combustível.
Os 1.200 quilos do minério ficariam “depositados” na Turquia.
Noutro trecho, Obama escreve: “Nós observamos o Irã dar sinais de flexibilidade ao senhor e outros, mas, formalmente, reiterar uma posição inaceitável pelos canais oficiais da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)”.
No acerto de Teerã, mediado por Brasil e Turquia, o Irã concordou expressamente em informar à AIEA, por escrito, acerca da sua nova disposição.
A municação ocorreria, segundo ficou combinado, em até sete dias.
Esse prazo expira na próxima segunda (24).
Obama disse na carta que a eventual celebração de um acordo prevendo a troca de combustível nuclear do Irã criaria uma atmosfera de “confiança” no mundo.
Deu-se, porém, o oposto.
Um dia depois do anúncio do acordo, os EUA anunciaram ter chegado a um consenso quanto à imposição de novas sanções ao Irã.
Levou-se ao Conselho de Segurança da ONU, a toque de caixa, o esboço da resolução punitiva.
O Planalto e o Itamaraty alegam, nos subterrâneos, que a reação da Casa Branca contrasta com o teor da carta de Obama a Lula.
O argumento é válido até certo ponto.
O Ponto de interrogação.
Mal celebrara o acordo com Brasil e Turquia, o Irã fez um anúncio que tonificou a desconfiança.
Autoridades iranianas informaram que o país continuaria enriquecendo urânio em seu território.
Algo que EUA e Cia. não admitem.
Assim, a despeito da carta amistosa, tudo faz crer que Washington não refluirá de sua posição inamistosa.