Por Angela Fernanda Belfort, em Economia do JC A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) perdeu participação no consórcio que vai construir a hidrelétrica de Belo Monte, a terceira maior hidrelétrica do mundo.

Para disputar o leilão, a Chesf entrou com uma participação de 49,98% no Consórcio Norte Energia que levou o empreendimento.

O governo federal definiu anteontem uma nova composição acionária para o empreendimento, deixando a Chesf com 15%, a Eletrobras com 15% e a Eletronorte com 19,9%.

A Eletronorte passou a ser a líder do grupo e a operadora da usina.

Conhecida como a empresa do senador José Sarney (PMDB), a Eletronorte sempre foi considerada o patinho feio do Sistema Eletrobras pelos grandes prejuízos que registrou e os altos custos para manter o serviço de geração e distribuição de energia elétrica no Norte do País.

A perda da participação da Chesf foi mais um capítulo no processo de perda de autonomia da estatal regional para fortalecer a Eletrobras, dona da Chesf e da Eletronorte. “A diminuição da participação da Chesf mostra que ela está perdendo poder e isso é uma política do governo federal, que pretende esvaziar as subsidiárias da Eletrobras - como Furnas e Chesf - para fazer da Eletrobras uma grande empresa”, disse o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, um dos grandes especialistas do setor.

O plano do governo é fazer da Eletrobras uma Petrobras do setor elétrico. “No Sistema Eletrobras, Furnas e Chesf se destacaram e sempre foram lucrativas.

A Eletrobras quer meter a mão no dinheiro das duas para se tornar uma grande empresa.

Essa história de transformá-la numa estrutura parecida com a Petrobras mostra que o governo não entende de petróleo nem do setor elétrico”, concluiu.

A nova composição acionária de Belo Monte também trouxe a Eletrobras como operadora do empreendimento. “A Eletrobras está começando a exercer uma atividade que era das subsidiárias, diminuindo a participação delas nos empreendimentos novos.

Isso é muito ruim”, afirmou o diretor do Instituto Ilumina Nordeste, Antonio Feijó.

O Ilumina Nordeste é uma organização não governamental que atua no setor elétrico.