Por Sérgio Montenegro Filho, no blog https://polislivre.blogspot.com Triste do país que precisa de uma lei como a do ficha limpa.

Não sou contra a proposta, aprovada pelo Congresso Nacional esta semana.

Pelo contrário, confesso ter ficado surpreso com a celeridade da decisão dos senhores deputados e senadores.

Quando falo em infelicidade, é porque imagino como tudo seria limpo e transparente se a ética e a correção prevalecessem na política desde a origem.

Por exemplo, o fulano que desejasse simplesmente se filiar a um partido, já seria obrigado, de saída, a apresentar uma “folha corrida” que o abonasse.

Caso contrário, não teria o direito sequer de militar numa legenda. É claro, esse seria um país dos sonhos.

Uma ilha da utopia, bem ao gosto de Thomas Morus, onde a corrupção seria cortada pela raiz antes que as ervas daninhas nascessem - e se proliferassem - nos parlamentos e executivos por aí afora.

Em vez de remediar, faríamos uma prevenção, evitando a situação limite à qual chegamos.

Enfim, temos no Brasil uma lei proibindo a candidatura de políticos condenados em instâncias colegiadas da Justiça.

Agora, magistrados e parlamentares discutem a sua aplicação.

Se valerá ou não para os candidatos às eleições de outubro próximo.

Quem de nós - excetuando-se, claro, os próprios candidatos - não gostaria de vê-la vigorar de imediato?

Quem não está cheio da corrupção, e da passividade de quem deveria puni-la?

Mas é preciso seguir o bom direito, como alertou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski.

Qualquer lei aprovada está impedida de retroagir para prejudicar alguém, por mais culpado que seja.

E por essa norma, somente políticos condenados após a sanção presidencial da nova regra estariam sujeitos à proibição da candidatura.

Ou seja, quem foi punido antes, está livre para disputar mandato.

Se essa for a interpretação correta da nova lei, paciência.

Ao menos terá dificultado o surgimento de uma nova geração de corruptos para herdar as mamatas e benesses usufruídas atualmente pelos políticos desonestos. É um primeiro passo para mudar o cenário dantesco que vemos hoje nas rodas de comando da Nação.

Para quem aguentou desmandos e corrupção por décadas, esperar um pouco mais não deve ser tão difícil. É só ficar atento para impedir qualquer desvio nesse novo rumo que a sociedade começa a impingir à classe política.

Quanto à atual geração de raposas, elas ainda terão licença para disputar eleições.

Mas cabe ao eleitor se conscientizar e entrar na guerra.

Porque somente ele tem nas mãos o intrumento mais legítimo para expurgar da vida pública os corruptos, mensaleiros, estelionatários e outros criminosos: o voto.