De O Globo.com O vice-presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Reza Bahonar, disse, nesta quinta-feira, que caso sejam aprovadas novas sanções contra o país o acordo assinado com Brasil e Turquia para a troca de urânio pouco enriquecido por combustível nuclear poderá ser cancelado.
O parlamentar considerou “bem possível” que seja colocada em prática a quarta rodada de sanções ao país negociada na Organização das Nações Unidas. - Se (o Ocidente) emitir uma nova resolução contra o Irã, não nos comprometeremos com a declaração de Teerã e o envio de combustível ao exterior será cancelado - disse Bahonar à agência de notícias iraniana Mehr. - As potências junto ao Conselho de Segurança da ONU chegaram a um consenso sobre o Irã e é bem possível que no futuro próximo seja colocada em operação uma quarta rodada de resoluções contra o Irã.
O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse esperar, nesta quinta-feira, que a Organização das Nações Unidas (ONU) chegue a um consenso sobre o esboço de resolução propondo novas sanções ao Irã.
O chanceler russo também pediu que o governo iraniano envie detalhes do acordo assinado com Brasil e Turquia para a Agência Internacional de Energia Atômica.
Para Lavrov, as discussões sobre sanções não devem interferir nas conversas sobre o acordo para a troca de combustível nuclear.
Um dos cinco países (junto com Reino Unido, França, Estados Unidos e China) que podem vetar no Conselho de Segurança da ONU a imposição de punições ao Irã, a Rússia teria aceitado o esboço de resolução enviado pelos EUA ao órgão.
Obama diz que ações de Teerã não inspiram confiança O presidente americano, Barack Obama, fez na quarta-feira suas primeiras declarações oficiais sobre o assunto desde a assinatura do acordo entre Brasil, Turquia e Irã.
Segundo a Casa Branca, Obama disse ao primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, Washington manterá sua pressão pela aprovação de novas sanções, afirmando que as últimas ações de Teerã “não constroem confiança”. “O presidente reforçou as preocupações continuadas e fundamentais da comunidade internacional sobre o programa nuclear iraniano”, disse a Casa Branca em comunicado sobre a conversa por telefone entre Obama e Erdogan.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, voltou a criticar os americanos nesta quinta. - Os americanos levarão o desejo de prejudicar a nação iraniana aos seus túmulos - disse Ahmadinejad a militares, segundo a agência estatal de notícias Irna.
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, afirmou na quarta-feira que se as sanções ao Irã forem aprovadas, a possibilidade de uma solução pacífica para o impasse envolvendo o programa nuclear iraniano será adiada por até três anos.
Para Amorim, a ameaça de punições a Teerã não é positiva e, pelo menos por enquanto, não há nada definitivo. - Não acho positivo ficar fazendo ameaças.
Acho também que, se o Irã for inteligente, não dará bola para isso e continuará fazendo o que tem que fazer - disse o ministro.
Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também criticou a possibilidade de punir o Irã, afirmando que se a comunidade internacional não negociar com Teerã, a crise nuclear voltará à “estaca zero”.